Escutar com o ouvido do coração para um autêntico diálogo

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Temática é destacada no 56o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a ser celebrado no domingo, 29 de maio.
Publicado em: 25/05/2022 - 17:45
Créditos: Redação

O SÃO PAULO ouviu cinco pessoas nas áreas de Mídia, Sociologia, Psicologia e Teologia para analisar aspectos da mensagem do Papa Francisco para a data.

“Estamos a perder a capacidade de ouvir a pessoa que temos à nossa frente, tanto na teia normal das relações cotidianas,quanto nos debates sobre os assuntos mais importantes da convivência civil. Ao mesmo tempo, a escuta está a experimentar um novo e importante desenvolvimento em campo comunicativo e informativo, por meio das várias ofertas de podcast e chat audio, confirmando que a escuta continua essencial para a comunicação humana”.

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Partindo desse diagnóstico, na mensagem para o 56o Dia Mundial das Comunicações Sociais, a ser celebrado no domingo, 29, o Papa Francisco destaca a escuta, “com o ouvido do coração”, como condição para um autêntico diálogo.

COMUNICAÇÃO LEAL, CONFIANTE E HONESTA

O Pontífice lembra que nas páginas bíblicas já está evidente que a escuta não se limita a uma percepção acústica, mas que está essencialmente ligada à relação dialogal entre Deus e a humanidade, partindo do Senhor a iniciativa primeira do diálogo. “Deus ama o homem: por isso, lhe dirige a Palavra, por isso ‘inclina o ouvido’ para o escutar”, afirma. 

Francisco alerta para “uma tentação sempre presente, mas que neste tempo da social web parece mais assanhada, [que]é a de procurar saber e espiar, instrumentalizando os outros para os nossos interesses. Ao contrário, aquilo que torna boa e plenamente humana a comunicação é precisamente a escuta de quem está à nossa frente, face a face, a escuta do outro, abeirando-nos dele com abertura leal, confiante e honesta”.

O Papa lembra ainda que essa falta de escuta também ocorre na vida pública e nas muitas situações em que “se procura mais o consenso do que a verdade e o bem”, muitas vezes com a imposição de um ponto de vista.

O Pontífice ressalta, ainda, que não se faz bom jornalismo sem a capacidade de escutar: “Para fornecer uma informação sólida, equilibrada e completa, é necessário ter escutado prolongadamente”.

ESCUTAR-SE NA IGREJA

Na parte final da mensagem, Francisco comenta que também na Igreja “há grande necessidade de escutar e de nos escutarmos”.

“Na ação pastoral, a obra mais importante é o ‘apostolado do ouvido’. Devemos escutar, antes de falar, como exorta o apóstolo Tiago: ‘Cada um seja pronto para ouvir, lento para falar’ (1,19). Oferecer gratuitamente um pouco do próprio tempo para escutar as pessoas é o primeiro gesto de caridade”, afirma o Papa. 

Por fim, ao recordar que a Igreja vive o Sínodo Universal 2021-2023, o Papa deseja que este processo sinodal “seja uma grande ocasião de escuta recíproca”.

 

OS PAPAS E O DIA MUNDIAL DAS COMUNICAÇÕES SOCIAIS

O Dia Mundial das Comunicações Sociais é um dos frutos do Concílio Vaticano II, já que sua criação foi prevista no decreto conciliar Inter mirifica, publicado em 4 de dezembro de 1963.

A data foi celebrada pela primeira vez no pontificado de São Paulo VI, em 7 de maio de 1967. Na mensagem para a ocasião, ele lembrou que com tal iniciativa a Igreja “quer chamar a atenção dos seus filhos e de todos os homens de boa vontade para o vasto e complexo fenômeno dos modernos meios de comunicação social”, considerados como maravilhas técnicas que proporcionam novas dimensões para a convivência humana, mas que, por incidirem na consciência das pessoas, devem ser acompanhadas de perto quanto aos perigos e prejuízos que podem causar. 

São Paulo VI

As 12 primeiras mensagens do Dia Mundial das Comunicações Sociais foram escritas por São Paulo VI, entre 1967 e 1978. Ele se dedicou a falar sobre os meios de comunicação social com maior influência naquele período, como os jornais, revistas, rádio, televisão e cinema, e como poderiam incidir, positiva ou negativamente, na família, entre os jovens e na sociedade como um todo. Listou, também, suas potencialidades de uso para a evangelização, a paz, a difusão de bons valores e a garantia de direitos e deveres. Nas duas últimas mensagens, tratou sobre as vantagens e riscos da publicidade e o papel do receptor na comunicação.

Leia-as na íntegra em: https://cutt.ly/oHCBYOJ.

São João Paulo II

Entre 1979 e 2005, foram 27 as mensagens de São João Paulo II, com abordagens diversas, desde a postura das famílias perante os meios de comunicação, o uso das mídias para a promoção da paz, esperança, fraternidade, e para o encontro entre a fé e a cultura. Já em 1990, o Pontífice falava sobre a “cultura informática”, e voltou a tratar das grandes mudanças advindas com as novas tecnologias de comunicação na mensagem de 2001, quando falou sobre “o Evangelho na era da comunicação global”; e, em 2002, ocasião em que a internet esteve em destaque. 

Acesse-as na íntegra em: https://cutt.ly/UHCMO08.

Bento XVI

Oito mensagens foram escritas pelo Papa Bento XVI, entre 2006 e 2013, tratando das múltiplas potencialidades das mídias na era digital para o anúncio da Palavra e a evangelização, a promoção de uma cultura de respeito, diálogo e amizade; e a busca da verdade e da autenticidade; bem como do comportamento das pessoas no mundo com amplo acesso à informação, incluindo “O sacerdote e a pastoral no mundo digital”, tema da mensagem do ano de 2010.

Leia-as na íntegra em: https://cutt.ly/cHC07Ms. 

Francisco

Nas nove mensagens que já escreveu para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, desde 2014, o Papa Francisco tem centrado atenção sobre os comportamentos que envolvem o agir comunicativo, não apenas dos profissionais da comunicação, mas de todas as pessoas, como a escuta ao próximo, o contato com as diferentes realidades, comunicar a verdade diante da crescente disseminação de fake news; e o papel da comunicação na família e como instrumento para a cultura do encontro. 

Veja-as na íntegra em: https://cutt.ly/WHC9kyd.