Em assembleia de pastoral, Arquidiocese se prepara para a retomada do caminho sinodal

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O encontro, realizado no salão da Paróquia Cristo Rei, no Tatuapé, zona Leste da capital, teve como principal objetivo avaliar a ação pastoral da Igreja em São Paulo
Publicado em: 09/03/2022 - 09:00
Créditos: Redação

Na manhã do sábado, 5, representantes do clero, pastorais, movimentos e demais organizações da Igreja em São Paulo se reuniram com o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, e os bispos auxiliares, para a Assembleia Arquidiocesana de Pastoral. 

O encontro, realizado no salão da Paróquia Cristo Rei, no Tatuapé, zona Leste da capital, teve como principal objetivo avaliar a ação pastoral da Igreja em São Paulo, com destaque para a retomada do sínodo arquidiocesano e a participação no caminho sinodal universal convocado pelo Papa Francisco. 

IGREJA SINODAL 

Referindo-se ao sínodo universal, o Arcebispo explicou que esse caminho visa a aprofundar a reflexão sobre a natureza da própria Igreja, o que é indicado no tema: “Por uma Igreja sinodal: comunhão, participação e missão”. 

O processo, iniciado em outubro passado, conta com três etapas. A primeira se dá no âmbito das dioceses, por meio de um instrumento de trabalho que contém reflexões e questões para serem respondidas localmente. Essas respostas serão recolhidas pelas conferências episcopais que farão sínteses para serem enviadas à Secretaria Geral do Sínodo, no Vaticano. Desse conteúdo, será desenvolvido um novo material de reflexões para ser trabalhado na segunda etapa do caminho sinodal, em âmbito continental, a partir de outubro próximo. Dessa fase, também serão recolhidas contribuições que ajudarão a Santa Sé a elaborar o instrumento de trabalho da assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro de 2023. 

COMUNHÃO

Dom Odilo chamou a atenção para cada uma dessas “qualidades essenciais” da Igreja, destacadas no tema do sínodo universal. 

Sobre a “comunhão”, o Arcebispo enfatizou que se trata da Igreja que caminha unida, que não é dispersa em seitas ou grupos antagônicos. “Sínodo significa caminhar juntos. Quem é o caminho? Jesus. Portanto, não devemos procurar outros caminhos que não sejam orientar por Jesus, pelo Evangelho. A Igreja sinodal é unida, pois promove a comunhão”, afirmou.

Ainda a respeito da comunhão, o Cardeal usou uma analogia, frisando que a Igreja não é como um “condomínio” fechado que reúne uma série de pequenas chácaras autônomas, que seriam as paróquias, pastorais e demais organizações eclesiais. “A Igreja é comunhão que se espelha na comunhão da Santíssima Trindade, congregada na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, completou.  

PARTICIPAÇÃO 

Ao se referir ao conceito “participação”, o Arcebispo novamente sublinhou o perigo de compreender a Igreja como uma organização exclusivamente clerical, na qual os fiéis leigos são meros beneficiados dos serviços prestados pela instituição. 

“Somos uma Igreja de batizados onde todos têm a dignidade de filhos de Deus e participam do patrimônio comum da fé, da esperança, do amor de Deus, do bem da Igreja que é o Evangelho, do bem dos meios de santificação que são os sacramentos, do testemunho dos santos. Será que o povo de Deus tem consciência disso?”, refletiu Dom Odilo, ressaltando que a mentalidade “clericalista” não parte apenas de clérigos, mas também de leigos, que não se compreendem como parte da vida e da missão da Igreja.  

MISSÃO 

Dessa consciência participativa decorre a dimensão missionária da Igreja. “Todos os batizados são missionários. Nem todos vão para a África ou Ásia, nem todos se tornam padres ou religiosas, mas todos participam da missão da Igreja”, enfatizou o Cardeal, recordando a imagem do corpo místico retratada pelo Apóstolo São Paulo, isto é, um organismo vivo no qual cada membro tem sua missão específica e não é menos importante.  

SÍNODO ARQUIDIOCESANO 

O caminho iniciado pela Igreja em todo o mundo, de certa forma, confirma o processo que a Igreja em São Paulo tem realizado desde 2017, com a realização do primeiro sínodo arquidiocesano. O Cardeal Scherer frisou que até o tema do caminho sinodal em São Paulo está em sintonia com o proposto pelo Papa: “Caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”. 

O Arcebispo explicou que tal semelhança se deve ao fato de as duas propostas partirem das mesmas bases: o Concílio Vaticano II, o Documento de Aparecida e a exortação apostólica Evangelii gaudium, do Papa Francisco. “Nosso sínodo, portanto, põe o acento no caminhar juntos, na comunhão eclesial de toda a Arquidiocese, que se realiza nas comunidades, paróquias, organismos pastorais, movimentos, associações”, afirmou Dom Odilo, enfatizando que o sínodo universal e o arquidiocesano não se contrapõem, mas se complementam.