Dom Odilo: ‘Não temos o sacerdócio como propriedade, mas participamos do sacerdócio de Cristo’

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Arcebispo Metropolitano presidiu na manhã da Quinta-feira Santa, 14, a Missa do Crisma na Catedral da Sé
Publicado em: 14/04/2022 - 13:15
Créditos: Redação

Vindos das seis regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo, sacerdotes e diáconos, bem como os bispos auxiliares, participaram na manhã da Quinta-feira Santa, 14, da Missa do Crisma na Catedral da Sé, presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo.

Essa celebração é assim conhecida por que nela o Arcebispo abençoa os óleos usados nos sacramentos do Batismo e da Unção dos Enfermos e consagra o óleo do Crisma, usado no sacramento do Batismo, da Confirmação e nas ordenações sacerdotais e episcopais, além das dedicações de altares e templos.

No começo da missa, Dom Odilo manifestou sua alegria em ver a Catedral lotada, nesta celebração em que, por ocasião da recordação da instituição do sacerdócio, os padres, diáconos e bispos auxiliares rendem graças a Deus pela vocação ao sacerdócio e renovam as promessas sacerdotais, reavivando “a disposição em servir Jesus Cristo no seu Evangelho, no Reino de Deus e na pessoa dos irmãos e das irmãos”.

Os ritos de renovação das promessas sacerdotais e da benção dos óleos e da consagração do Santo Crisma foram realizado após a homilia.

EMPENHO MISSIONÁRIO

Ao iniciar a homilia, Dom Odilo agradeceu aos ministros ordenados pelo empenho com que tem desenvolvido seu ministério, e pediu a todo o povo de Deus que tenham uma vida santa, como “hóstias agradáveis a Deus”.

Recordando as visitas que tem feito às paróquias em diferentes locais da Arquidiocese, o Cardeal Scherer  destacou que tem encontrado uma Igreja em missão.

“Fiquei muito encantado, até emocionado, em ver a grande dedicação missionária de tantos padres que estão trabalhando com alegria, com enorme dedicação, muitas vezes com  sacrifício e abnegação em comunidades muito carentes, paróquias em construção, onde por vezes falta muito, mas não falta povo nem a alegria, porque o Reino de Deus está no meio de vocês”.

GRANDES DONS

Dom Odilo falou, ainda, sobre os grandes dons deixados por Jesus à sua Igreja e que são recordados neste dia, a começar pela Eucaristia, memorial da Paixão e morte na cruz, sacramento da nova e eterna aliança de Deus com a humanidade. “Não há momento em que a Igreja apareça tão bem como na celebração da Eucaristia”, ressaltou.

Também o o sacerdócio é um “grande e indispensável dom feito por Jesus à sua Igreja. Jesus é o sacerdote por excelência, o ungido de Deus e cheio do Espírito Santo, que traz boas novas à humanidade. Ele une o céu à terra, Deus e a humanidade na sua pessoa”, ressaltou, apontando, ainda que os padres são ministros do sacerdócio de Cristo. “Não temos o sacerdócio como propriedade, mas participamos do sacerdócio de Cristo, em vista da missão da Igreja e do bem do povo de Deus”.

O Arcebispo também lembrou que esta celebração é ocasião para que cada padre agradeça pela ordenação sacerdotal recebida e por todo bem que consegue realizar com a ajuda de Deus. 

PERANTE ÀS DIFICULDADES

Ainda na homilia, o Arcebispo afirmou que apesar do tempo difícil que a Igreja vive nas vocações sacerdotais e para os sacerdotes – com  grandes exigências, por vezes falta de fraternidade entre os padres, a sensação de isolamento e amargura - é preciso que o sacerdote nunca perca de vista o apreço pelo dom que recebeu de Deus. “É benção e missão exigente. E Jesus convidou a tomar a cruz cada dia e segui-lo no caminho do discipulado”.

Diante de eventuais desmotivações e desânimos, Dom Odilo recordou três caminhos apontado pelo Papa Francisco, em um simpósio sobre o sacerdócio realizado em fevereiro deste ano, em Roma.

Um deles é a proximidade com Cristo, por meio da oração, da acolhida de sua Palavra, da adoração da Eucarística e no serviço aos pobres.

Outro é que o sacerdote mantenha a proximidade com o bispo e os demais presbíteros, para que não se esqueçam que são membros de uma comunidade sacerdotal, que existe em torno do bispo diocesano, que mantém a comunhão e a unidade do presbitério.

Também é indispensável a proximidade com o povo, por meio dos serviços cotidianos da escuta paciente e caridosa e da atenção aos pobres e enfermos, da sensibilidade para os enlutados e os mais sofridos.

RETOMADA DO SÍNODO

Dom Odilo também falou sobre a retomada do sínodo arquidiocesano, “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”, desejando que seja vivido, antes de tudo pelos sacerdotes, desejando que “o Espírito Santo, que renova a face da terra, nos converta, renove, para sermos verdadeiramente aqueles ministros e servidores do Evangelho que Jesus quis à Igreja hoje”.

A retomada do sínodo também foi recordada pelo Cônego José Arnaldo Juliano dos Santos, que falando em nome de todo o clero, saudou o Arcebispo Metropolitano pelos muitos motivos que o Purpurado tem a comemorar em 2022: os 15 anos de cardinalato, igual quantidade de tempo como Arcebispo de São Paulo, os 20 de sua ordenação episcopal e os 46 anos de sacerdócio.

“Aqui neste dia, rezamos pelo Senhor, para que esteja caminhando conosco, principalmente neste momento muito importante da Igreja, do mundo e da nossa Igreja em São Paulo, em que, graças a Deus, realizaremos a assembleia sinodal”, disse o Padre José Arnaldo

Antes da bênção final, o Arcebispo voltou a manifestar gratidão a Deus por ser possível celebrar a Missa Crismal com mais pessoas, mantendo-se ainda os devidos cuidados contra o contágio pelo coronavírus.

Dom Odilo deu ainda algumas recomendações aos sacerdotes sobre o zelo com a Eucaristia e incentivou que todos participem intensamente do Tríduo Pascal, incluindo a Vigília Pascal, e desejou que o Senhor abençoe a todos, rezem pelo Papa, pela paz no mundo e não se esqueçam dos pobres.