Dom Odilo: ‘Jesus nos deu o exemplo do serviço’

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Na celebração também houve o rito do lava-pés
Publicado em: 06/04/2023 - 22:45
Créditos: Redação

Na abertura do Tríduo Pascal, na noite da Quinta-feira Santa, 6, o Cardeal Odilo Pedro Scherer presidiu a Missa da Ceia do Senhor, na Catedral da Sé, celebração que recorda a instituição da Eucaristia e na qual também se realiza o rito do lava-pés, recordando o gesto de Jesus que lavou os pés dos apostólos na Última Ceia.

‘FAÇAM ISTO EM MINHA MEMÓRIA’

Na homilia, o Arcebispo recordou a ordem de Jesus aos seus apóstolos e a todos os fiéis:  “‘Dei-vos o exemplo para que façais como eu fiz’. O gesto que Cristo fez na ceia, Ele fez ao longo de sua vida. Jesus entregou sua vida pelo serviço, deixou-se carregar, suportou a dor e nos deu o exemplo do serviço”, pontuou o Cardeal.

“‘Ao tomar o pão, Jesus o partiu, deu aos que estavam com Ele à mesa e disse: ‘Este é o meu corpo, entregue por vocês’. Esse gesto significa a morte de cruz, em que Cristo se entrega pela libertação e salvação do povo”, disse o Arcebispo, mencionando que o Senhor fez o mesmo com o vinho, sinal de Seu Sangue derramado por todos, “o sangue da nova e eterna aliança”. 

“Jesus diz, ‘façam isto em minha memória’ – prosseguiu Dom Odilo – e é o que fazemos ao celebrar cada Eucaristia. Portanto, a celebração da Eucaristia é para nós, cristãos, o memorial da Páscoa de Cristo, da passagem deste mundo para o Pai, ou seja, de sua Morte e Ressurreição”, explicou Dom Odilo, convocando os fiéis a valorizarem o verdadeiro sentido da Santa Missa.

“Ao participar da missa somos convidados a participar da Ceia do Senhor. Busquemos participar da Missa com fé e vivendo seu profundo significado, renovando a  nossa fé”.

LAVAR OS PÉS

O Arcebispo Metropolitano também explicou o significado de lavar os pés dos irmãos “é um gesto simbólico e significa a atitude de colocar-se a serviço uns dos outros, atitude de fraternidade e cuidado”, disse, lembrando, ainda que nesta atitude está o ensinamento do serviço: ‘Quem quer ser o primeiro deve se colocar sempre a serviço, pois o próprio Cristo não veio para ser servido, mas para servir”.

Dom Odilo evidenciou os vários trabalhos realizados pela Igreja em favor das pessoas em situação de vulnerabilidade. “Recordo que o trabalho da Igreja é revelar Cristo ao mundo. A Igreja serve na pessoa do próximo”, afirmou, mencionando as muitas iniciativas realizadas em favor de crianças, idosos e desamparados.

Após a homilia, o Arcebispo Metropolitano realizou o rito do lava-pés. Tiveram os pés lavados 12 pessoas, algumas delas com vínculos com as pastorais sociais que atuam para a inclusão de todas as pessoas na sociedade, bem como para o combate à fome, tema da Campanha da Fraternidade deste ano.

Dom Odilo lavou os pés de: Jorge Henrique Coelho, da Pastoral do Povo de Rua; Davi Felipe da Silva, criança atendida pela Pastoral do Menor; Fabrício Ramos, adolescente atendido pelo Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto (Bompar); Wania Ferreira da Silva, voluntária da Pastoral do Povo da Rua; Mariella Rossatto, consagrada e missionária da Fraternidade da Esperança do SERMIG; Bráulio Rocha Gonçalves, coordenador da Pastoral Familiar da Região Sé; Philipi Andrew, acolhido da Missão Belém; Fernando Hauptmamn, missionário da Aliança da Misericórdia; Luiz Fernando Araújo Elizalde, que trabalha na Casa Franciscana do Sefras; Edilene Teixeira Silva, psicóloga e colaboradora da Associação Amparo Maternal; Viviane Libano da Silva Bruno, diretora de centro de educação infantil, representando as 53 gestões das unidades do Bompar; e Reginaldo Euzébio Lourenço, da Pastoral dos Migrantes.

GESTO QUE EXPRESSA O AMOR DE CRISTO

Davi Felipe, 4, afirmou à reportagem que representava no lava-pés não apenas as crianças da Pastoral do Menor, mas, de modo especial, todas as crianças do mundo. Com flores, ele homenageou aquelas que foram assassinadas no dia anterior em uma creche na cidade de Blumenau (SC). “Estou feliz em participar. É um momento para viver a fé”, disse.

Fernando Hauptmamn estava bastante emocionado em ter os pés lavados. “Cristo em sua humildade se abaixa e lava os pés dos seus discípulos e da humanidade”, falou.

Jorge Henrique por quatro anos viveu em situação de rua. Ele disse ter encontrado na Pastoral do Povo da Rua apoio e suporte para mudar de vida. “Participar da celebração é um gesto que representa a experiência e amor de Cristo pela humanidade e por cada um de nós”, disse.

Luiz Fernando Araújo Elizalde contou que participar do lava-pés é significativo, pois seu trabalho na Casa Franciscana é um ato de servir junto a população vulnerável. “É significativo estar aqui representando tantas pessoas e voluntários que se colocam a serviço de saciar a fome. A exemplo de Cristo possamos amenizar a fome do irmão que sofre”, disse.

Edilene Teixeira Silva, representante do Amparo Maternal falou da importância de participar representando tantas mulheres que são atendidas na entidade: “Esse é um gesto concreto de amor, de acolhida e fraternidade”.

SILÊNCIO E ORAÇÃO

Antes do término da missa, o Arcebispo recordou a todos que a Sexta-feira Santa é dia de silêncio, oração, jejum e abstinência de carne.

Ao final da celebração, houve a transladação do Santíssimo para a Capela do Santíssimo da Catedral da Sé, onde aconteceu a vigília e adoração ao Santíssimo, com a presença do Cardeal Scherer concelebrantes e fiéis.