Como Paulo, Arquidiocese e cidade são interpeladas: ‘O que devo fazer, Senhor?’

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Centenas de fiéis, renderam graças a Deus pelo testemunho deste santo que é o Patrono da Arquidiocese de São Paulo
Publicado em: 30/01/2015 - 16:45
Créditos: Jornal O SÃO PAULO – Edição 3036

Por Edcarlos Bispo

No domingo, 25, a Igreja celebrou a solenidade da Conversão de São Paulo Apóstolo. Saulo, perseguidor dos cristãos, após um encontro pessoal com Jesus, vive um processo de conversão, passa se a chamar Paulo e se torna um dos principais pregadores do Evangelho e propagadores da fé cristã.

Na Catedral da Sé, centenas de fiéis, renderam graças a Deus pelo testemunho deste santo que  é o Patrono da Arquidiocese de São Paulo. A celebração foi presidida pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano, concelebrada pelo arcebispo emérito Cardeal Paulo Evaristo Arns, bispos auxiliares, padres e diáconos.

Na missa, que também comemorou o aniversário da fundação da cidade de São Paulo, estavam presentes, além de fiéis e religiosos provenientes de diversas comunidades paroquiais,  autoridades civis e militares, entre as quais,  o prefeito Fernando Haddad acompanhado pelos secretários municipais Gabriel Chalita (educação); Eduardo Suplicy (direitos humanos); Alexandre Padilha (relações governamentais). Também marcaram presença  o presidente da Câmara dos Vereadores , Antônio Donato, o vice-governador Márcio França e  o ministro Gilberto Kassab, do Ministério das Cidades.

Leia a mensagem de Dom Odilo Scherer para a festa do Patrono da Arquidiocese
 

A conversão de São Paulo

 

Comentando a narrativa da conversão de São Paulo em Atos dos Apóstolos durante a homilia, o Cardeal destacou que a luz que Paulo vê - “uma luz tão forte” - , é a luz do encontro pessoal com Jesus Cristo ressuscitado e que tornou-se uma referência para o resto de sua vida. “A fé de Paulo não foi a conclusão de uma discussão filosófica; não foi a leitura de muitos livros e nem de muitas ideias, como bem explicou o papa emérito Bento XVI em sua encíclica Deus caritas est , mas sim do encontro com uma Pessoa: Jesus”.

Paulo não percebe isso imediatamente. Como a luz que o fez cair por terra era muito forte, explicou o Cardeal,  ele ficara cego, e nada via. O apóstolo então fez duas perguntas: “Senhor, quem és tu?” Quem és Tu que fala? Sobre esta questão,  Dom Odilo destacou que essa é uma pergunta que todos os homens trazem no coração.

“Porque todos de uma forma ou outra, sentimos nossa pessoa, nossa consciência, nossa vida interpelada. E Quem é que nos interpela?, perguntou Dom Odilo. – Quem nos interpela e nos pede enfim? Podemos dizer, sim nossos deveres, nossa sociedade, meu cargo, meu encargo, minha tarefa me interpela, e é verdade, mas em última análise, são situações transitórias essas, e a nossa vida continua sendo interpelada e nós somos confrontados com essa voz. Quem és Tu que me interpelas, quem és Tu que me dizes para fazer o bem e não o mal; quem és tu que me pede para ser justo e não injusto? Para ser honesto e não desonesto? Para tratar bem os outros e não tratar mal? De nossa parte, somos interpelados a procurar a resposta verdadeira sem nos enganarmos a nós mesmos com respostas superficiais”, concluiu o Cardeal.

A outra pergunta de São Paulo: “o que devo fazer para realizar a Palavra que me interpela? Segundo Dom Odilo, essa é uma pergunta que todos devem se fazer todos os dias para serem guiados em suas decisões e  fazer o que é justo e correto.  São Paulo ouve uma resposta rápida: é encaminhado a uma pessoa da comunidade cristã nascente - Gamaliel  - que o ajuda na caminhada e que lhe dá conselhos. É importante “ouvir o conselho das pessoas sábias, de quem nos pode ajudar a achar  respostas”, concluiu o Cardeal.

O aniversário da cidade

 

Na segunda parte de sua homilia, o Cardeal Scherer evidenciou os objetivos dos jesuítas ao fundarem a vila que deu origem à cidade. Segundo Dom Odilo,  os missionários jesuítas desejavam construir uma sociedade humana, sem violência, em que todos pudessem conviver em paz, receber educação, ter saúde. Uma comunidade humana e cristã, na qual Deus fizesse morada. “Estamos hoje diante desta metrópole com tantos desafios. A cidade depende de muitos: dos governantes, da população, de suas organizações, da sociedade civil. Todos são chamados a trabalhar para fazer com que essa cidade seja uma cidade boa para todos os seus habitantes”,  enfatizou o Cardeal.

A saudação do Prefeito 

 

Na saudação dirigida no início da celebração, o prefeito Fernando Haddad destacou que, por várias razões, o 25 de janeiro é uma data importante para os paulistanos. Ao contar a história da cidade, Haddad destacou que ela foi fundada por “padres jesuítas e por algumas dezenas de pessoas”, e após 461 anos, abriga 12 milhões de pessoas. “Lembrar a fundação de São Paulo é lembrar de todos aqueles que escolheram São Paulo para morar e ter sua família e se desenvolver”, afirmou.

O prefeito lembrou do espírito microempreendedor dos paulistanos, destacando que, muitas vezes, esse se sobrepõe “aquilo que nos faz membros de uma comunidade” ou seja, “a ação comunitária que nos faz viver em harmonia na cidade que escolhemos”. E concluiu, fazendo um apelo: “No aniversário da cidade nós devemos reforçar os laços comunitários que nos traz a esta missa. Lembrar o que devemos fazer por São Paulo, lembrar-se de nossas obrigações para com a cidade, da educação de nossos filhos, de nossa saúde, nossa cidadania e a construção de um ambiente de paz e de fraternidade”.