CNBB reafirma o compromisso da Igreja com a defesa integral da vida

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‘Não tenhamos medo. A esperança é a nossa coragem! Sejamos semeadores de mudança, de solidariedade e de vida’, escrevem ao povo brasileiro os bispos reunidos na 60ª AG CNBB
Publicado em: 27/04/2023 - 16:30
Créditos: Redação

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou na quinta-feira, 27, sua mensagem ao povo brasileiro, na véspera do encerramento de sua 60a Assembleia Geral, que será concluída na sexta-feira, 28.

A “Mensagem da CNBB ao povo brasileiro”, datada do dia 28, foi elaborada e aprovada pela quase totalidade dos 326 bispos ativos e parte dos 157 bispos eméritos brasileiros presentes na 60ª Assembleia Geral. Está assinada pelos bispos que compuseram a Presidência no mandato 2019-2023. 

A leitura do conteúdo foi feita pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, durante coletiva de imprensa. 
 

AMPLA DEFESA À VIDA

A mensagem é iniciada recordando tudo o que foi vivenciado ao longo da 60a Assembleia Geral da CNBB e com a recordação do firme propósito do episcopado brasileiro em defender a vida, em todas as suas fases e mais variadas circunstâncias.

 “Esses dias na casa da Mãe Aparecida foram uma oportunidade para experimentarmos a comunhão a partir da riqueza de nossas diversidades.  Quem  nos  une  é  Cristo  e,  por  Ele, esperançosos e comprometidos, renovamos nossa opção radical e incondicional com a defesa integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda a criação”, escrevem o bispos do Brasil. 

“A renovação desse compromisso com a vida dá-se num tempo marcado por grandes desafios que, longe de nos desanimarem, estimulam a Igreja na promoção do Reino de Deus. Nossas comunidades estão respondendo, com solidariedade fraterna, às consequências das tragédias  socioambientais;  com  compromisso  cidadão  na  defesa  da  democracia  e,  com responsabilidade social, ao drama da fome que nos assola. Com alegria, reconhecemos que esse é o autêntico e eficaz testemunho de que o mundo necessita, à luz da Palavra de Deus, pois  não  temos  ouro  nem  prata,  mas  trazemos  o  que  de  mais  precioso  nos  foi  dado:  Jesus Cristo ressuscitado (cf. At. 3,6)”, prossegue a mensagem.

FLAGELOS QUE PREOCUPAM

Na mensagem é feita menção ao que o Papa Francisco tem chamado de “terceira guerra mundial em pedaços”, recordando especialmente o atual conflito em curso no território ucraniano. 

“Além  do  flagelo  das  guerras,  muitas  outras  situações  nos preocupam,  como  os  autoritarismos,  as  polarizações,  as  desinformações,  as  desigualdades estruturais,  o  racismo,  os  preconceitos,  a  corrupção,  a  banalização  do  mal  e  das  vidas,  as doenças, a drogadição, o tráfico de drogas e pessoas, o analfabetismo, as migrações forçadas, as  juventudes  com  poucas  oportunidades,  as  violências  em  todas  as  suas  dimensões,  o feminicídio, a precarização do trabalho e da renda, as agressões desmedidas à ‘casa comum’, aos  povos  originários  e  comunidades  tradicionais,  a  mineração  predatória,  entre  tantas outras, que fragilizam o tecido social e tencionam as relações humanas”. 

A ORIGEM DOS POBLEMAS

De acordo com a mensagem, estes e outros problemas “têm origem na opção por um modelo econômico cruel, injusto e desigual. Por trás da palavra ‘mercado’ existe um sistema financeiro e econômico autônomo, que protagoniza ações inescrupulosas, destrói a vida, precariza as políticas públicas, em especial a educação e a saúde, adota juros abusivos que ampliam o abismo social, afeta a cadeia produtiva e reduzo consumo dos bens necessários à maioria do povo brasileiro”. 

SOLUÇÃO COMPARTILHADA

“Conclamamos   toda   a   sociedade   brasileira   a   construir   um   amplo   projeto   de reconciliação e pacificação, a partir de um diálogo franco e aberto, que possibilite superar o que nos afasta, com o objetivo de assegurar o que nos une: o país, o seu povo e a criação. O ponto  de  partida  dessa  construção  se  dá  nas  famílias,  comunidades,  relações  sociais, profissionais,  eclesiais  e  políticas,  através  da  amizade  social  que  promove  a  cultura  do encontro. Como  comunidade  de  fé,  cremos  que  sua  concretização  passa  necessariamente pelas nossas orações. Rezemos, pois, como nos pede o Papa Francisco, pelo fim das guerras, dos conflitos e das violências. Somos “caminhantes da mesma carne humana, como filhosdesta mesma terra que nos alberga a todos, cada qual com a riqueza da sua fé ou das suas convicções, cada qual com a própria voz” (Fratelli Tutti, 8)”. 

Por fim, os bispos reafirmam “profunda  confiança  no  povo  brasileiro” e exortam”” Não  tenhamos  medo.  A esperança é a nossa coragem! Sejamos semeadores de mudança, de solidariedade e de vida. Pelo  amor  do  Cristo  vivo  e  ressuscitado,  por  intercessão  de  Nossa  Senhora  Aparecida, Padroeira  do  Brasil,  invocamos  a  bênção  de  Deus  sobre  o  povo  brasileiro,  suas  famílias  e comunidades”. 

(Com informações da CNBB)