Católicos coreanos abrem jubileu dos 200 anos do nascimento de São Kim Degun

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Publicado em: 30/11/2020 - 08:15
Créditos: Redação

Na manhã deste domingo, 29, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu uma missa na matriz da Paróquia Pessoal Coreana São Kim Degun, no Bom Retiro, na abertura do jubileu de 200 anos de nascimento deste Santo mártir coreano.

Atendendo a um pedido da Conferência Episcopal da Coreia, esse templo será uma das igrejas designadas em todo o mundo para a peregrinação dos fiéis durante o Jubileu, que se se estenderá até 27 de novembro de 2021.  

Por essa razão, todos os fiéis que peregrinarem para a Igreja São Kim Degun durante o ano jubilar poderão alcançar a indulgência plenária aplicável a si mesmos ou em sufrágio dos falecidos.

No decreto de abertura do Jubileu na Arquidiocese, Dom Odilo convidou todo o clero, religiosos e fiéis da Igreja em São Paulo a aderirem às celebrações e a se alegrarem com a comunidade coreana.

“A celebração do jubileu dos 200 anos do seu nascimento é motivo de grande alegria para toda a Igreja na Coreia, mas também para as comunidades coreanas presentes em muitos países de todo o mundo”, ressalta o decreto arquidiocesano.

 

Indulgência

A indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida aos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja.

Para receber a indulgência plenária nesse Jubileu, além de peregrinar até a igreja jubilar, o fiel precisa ter se confessado recentemente, rezar nas intenções do Papa e fazer um ato de caridade.

Neste Jubileu dos católicos coreanos, a Santa Sé, por meio da Penitenciaria Apostólica, estabeleceu as seguintes condições para a concessão das indulgências: 

Peregrinar em qualquer igreja ou local sagrado designado pelos bispos da Arquidiocese da Coreia para celebrar o Jubileu e participar com devoção das celebrações ou dos eventos especiais da ocasião;

Diante de restos mortais ou da relíquia do Santo padroeiro, fazer veneração em memória durante um tempo adequado, recitar o Pai-Nosso e o “Credo, e terminar a oração com súplicas a Bem-Aventurada Virgem Maria e São Kim Degun André;

Os idosos, os doentes e aqueles que não podem sair de casa por razões graves, também poderão obter a Indulgência Plenária se arrepender dos seus pecados e ter a intenção de cumprir o mais brevemente possível as três condições habituais e diante de uma imagem de São Kim Degun se unir espiritualmente a solenidade do Jubileu e oferecer a oração, os sofrimentos ou dificuldades da própria vida a Deus misericordioso.

 

Padroeiro

Primeiro Sacerdote coreano, São Kim Degun, também conhecido como Santo André Kim Taegon, nasceu em 21 de agosto de 1821. Filho de uma família nobre coreana, converteu-se ao catolicismo e se dedicou à evangelização de sua pátria, onde o Cristianismo era duramente perseguido.

Em 16 de setembro de 1846, Santo André e mais 102 católicos foram martirizados. O jovem padre tinha 26 anos de idade e 1 ano de sacerdócio.

São João Paulo II os canonizou durante sua visita à Coreia do Sul, em 6 de maio de 1984, na comemoração dos 200 anos do catolicismo neste país asiático.

Mesmo em sua curta vida de apenas 25 anos, o São Kim Degun, além de ser o primeiro Padre católico coreano, enfrentou a realidade da época, e se tornou pioneiro no anúncio da Boa-Nova.

Padre Kim também foi um dos primeiros a estudar os conhecimentos ocidentais no exterior, foi o viajante a percorrer a mais longa distância do território de Chosun (atual Coreia), e foi o pioneiro a fazer a rota do Mar Ocidental, navegando da ilha de Yeonpyeong (Chosun) para Xangai, na China.

No início de 1845, o padre Kim Degun criou o “Evangelismo de Chosun” que contém o mapa de Chosun para missionários, e deixou 21 cartas e memorandos sobre a história da Igreja coreana.

Testemunho dos mártires

Na homilia, Dom Odilo manifestou novamente a alegria por celebrar a abertura do jubileu de nascimento do mártir coreano. Ele recordou que teve a oportunidade de visitar a Coreia do Sul em 2018,  esteve no lugar do martírio de São Kim Degun e dos muitos mártires coreanos.

“Pude constatar a vitalidade dessa Igreja e o fervor dos sacerdotes, religiosos e do povo das comunidades católicas coreanas, fortalecidas pelo testemunho dos seus santos e mártires”, salientou o Cardeal, lembrando as palavras do teólogo Tertuliano no século III:  “O sangue dos mártires é semente de novos cristãos”.  

Dom Odilo enfatizou que a comunidade católica coreana de São Paulo também herdeira dos santos e mártires da Coreia. “Esta comunidade é preciosa à nossa fé, pela qual tantos deram a vida com generosidade. É preciosa a fé que vocês receberam dos seus pais e antepassados, que a trouxeram ao Brasil e também vocês professam nesta imensa cidade, dando-lhe as expressões próprias da sua cultura e tradição religiosa.

Presença na cidade

O Cardeal Scherer afirmou, ainda, que se sente feliz por ter os católicos coreanos como membros da Igreja particular de São Paulo, suja origem também remonta santos missionários, entre os quais, o jesuíta São José de Anchieta.

O Arcebispo convidou a comunidade católica coreana de São Paulo a viver intensamente Jubileu, buscando conhecer com maior profundidade a vida de São Kim Degun. “Como padroeiro desta comunidade, ele poderá inspirar muitas ações de evangelização e devoção ao longo do ano jubilar. Peçamos a ele, que proteja toda a comunidade, todas as famílias, especialmente as crianças, jovens e aqueles que se encontram em meio a sofrimentos e dificuldades para viver a fé católica e nela perseverar”, exortou.

“Seja este ano um tempo de graças, de renovação da fé e da vivência cristã”, concluiu o Cardeal, pedindo ao povo que reze constantemente pelo Papa Francisco, pelos sacerdotes e pelas vocações.

A Paróquia

A primeira comunidade coreana no Brasil surgiu na cidade de São Paulo, no dia 9 de maio de 1965, com a presença de 44 membros na Igreja São Gonçalo, no centro.

A Paróquia Pessoal Coreana Nossa Senhora Rainha foi criada em 1972, tendo sua sede em vários bairros de São Paulo. Em 1990, começou a ser construída a atual matriz, que recebeu o título do mártir coreano, sendo inaugurada e dedicada em 2004, pelo Cardeal Cláudio Hummes, então Arcebispo Metropolitano.

Essa Paróquia reúne cerca de 4,5 mil fiéis coreanos e descendentes que vivem em São Paulo, além de comunidades em Campinas (SP), Curitiba e Ponta Grossa (PR) e Belo Horizonte (MG). Atualmente, a comunidade paroquial é atendida por sacerdotes e religiosos missionários vindos da Coreia. Atualmente, o Pároco é o Padre (Paulo) Sung Kwang Cho.

No fim da missa, o Cardeal Scherer abençoou a imagem do Santo padroeiro para a veneração dos fiéis que visitarem a igreja jubilar.