Catequese e Nova Evangelização

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03/06/2015 - 09:15

Nos dias 27 a 29 de maio, foi realizada, no Vaticano, a assembleia plenária do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Entre as atribuições desse Organismo da Cúria Romana estão o acompanhamento da Catequese em toda a Igreja e a promoção do Ano Santo extraordinário da misericórdia de Deus, que será aberto no início do próximo mês de dezembro.

A catequese é uma ação permanente na vida da Igreja e precisa confrontar-se com os mesmos apelos à “nova evangelização”, feitos a todas as dimensões da vida e da missão da Igreja, sem esquecer que a catequese é uma das dimensões fundamentais da evangelização. Como precisa ser “nova” a catequese?

Há cerca de 30 anos, já tivemos um documento precioso do pontificado de São João Paulo II sobre a “catequese renovada” – Catechesi traddendae, que ainda permanece atual e está longe de ter sido plenamente absorvido na vida ordinária da Igreja. Que mais deveria ser renovado na catequese em nossos dias? Se formos refletir bem, há questões bem concretas a serem levadas em conta na renovação da catequese, a fim de que ela seja inserida plenamente no grande esforço do nova evangelização.

Ela precisa ser gradual, levando em conta a iniciação querigmática (catecumenal), que ajude a promover o primeiro e profundo encontro com Jesus Cristo e com Deus; ela precisa ser gradual e sistemática, envolvendo todos os aspectos da fé e da vida cristã; ela precisa ser sacramental, na medida em que prepara para recepção e vivência dos mistérios da fé celebrados nos Sacramentos da Igreja; ela precisa estar voltada para a formação permanente do cristão, abrangendo todas as etapas e situações da vida.

A catequese é mais do que “instrução”, embora esse aspecto não deva faltar. Ela precisa levar ao essencial da vida cristã, que é o encontro com Deus, por Jesus Cristo e no dom do Espírito Santo. Sem isso, a catequese é falha e não alcança o seu objetivo. E precisa levar ao seguimento de Jesus Cristo na via do Evangelho e à participação pessoal e generosa na vida e na missão da comunidade eclesial.

Enfim, a catequese tem a missão de formar o cristão para o testemunho de Jesus Cristo e do Evangelho na vida cristã ordinária, através das virtudes teologais da fé, esperança e caridade, das demais virtudes humanas e cristãs, da prática da oração e da Liturgia, da escuta constante da Palavra de Deus.

No processo de nova evangelização, a catequese precisa incluir sempre mais os adultos não evangelizados; em muitos lugares, funciona intensamente o catecumenato e a iniciação à vida cristã de adultos. O fato é que vai havendo sempre mais jovens e adultos de famílias católicas, que não foram batizados ou não receberam uma adequada iniciação à vida cristã; muitas pessoas se aproximam e desejam fazer um caminho mais aprofundado de formação cristã. E as comunidades da Igreja precisam estar preparadas para atender a essas pessoas.

Na reunião do Pontifício Conselho para a promoção da Nova Evangelização também se refletiu sobre o “ministério do Catequista”; de várias partes do mundo, há o pedido para que a Igreja institua esse ministério, destacando a importância da catequese e do serviço prestado pelos catequistas à vida e à missão evangelizadora da Igreja. A reflexão continua e levará em conta as diversas posições já manifestadas à Santa Sé sobre o assunto. De fato, a compreensão das atribuições e da missão de catequista não é uniforme nas diversas partes do mundo e na prática da vida eclesial.

Mesmo se, por alguma razão, o ministério de catequista não viesse a ser instituído formalmente pela Igreja, ele existe na prática da vida eclesial e pode ser valorizado pelas dioceses mediante um mandato específico, conferido pelo bispo diocesano aos catequistas, como já vai acontecendo em muitas dioceses do mundo.

No final dos trabalhos, os membros do Pontifício Conselho tiveram uma audiência com o Papa Francisco.

Publicado no jornal O SÃO PAULO, Edição 3054 - 3 a 6 de junho de 2015