‘A política é, antes de tudo, serviço’

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A afirmação do Papa Francisco foi feita em vídeo-mensagem aos participantes de evento latino-americano sobre a participação dos católicos na política
Publicado em: 03/12/2017 - 07:30
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

O Papa Francisco enviou uma vídeo-mensagem aos participantes do Encontro com Católicos com Responsabilidades Políticas a Serviço dos Povos Latino-americanos, realizado em Bogotá, na Colômbia, entre os dias 1º e 3, com o tema: “Participação dos Leigos católicos na vida política”. Este encontro é promovido pela Comissão para a América Latina (CAL) e pelo Conselho Episcopal Latino-americano (CELAM). O Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, membro da CAL, também participa do evento.

O Papa inicia sua Mensagem com uma citação dos seus Predecessores, que se referiam à política como uma “alta forma de caridade”, ou seja, um serviço inestimável de dedicação ao bem comum da sociedade.

De fato, frisa o Papa, “a política é, antes de tudo, serviço”, não de ambições e interesses pessoais ou de prepotência de facções nem de autocracia e totalitarismos. Sabemos - recordou – que “Jesus veio para servir e não para ser servido”. Seu exemplo deve ser seguido também pelos políticos.

Trata-se de um serviço, - explicou Francisco – que, às vezes, requer sacrifício e dedicação dos políticos, a ponto até de serem considerados “mártires” do bem comum.

O ponto de partida deste serviço, que requer constância, esforço e inteligência, - destacou o Papa – é o bem comum, visto como instrumento de crescimento, de direito e de aspirações das pessoas, das famílias e da sociedade em geral.

É claro que o serviço não deve se contrapor ao poder, mas o poder deve tender ao serviço, para não haver degeneração. Por isso, é preciso cultivar o verdadeiro senso interior da justiça, do amor e do serviço.

Por outro lado, disse o Pontífice, “sentimos a necessidade de reabilitar a dignidade da política”. Aqui, referindo-se à América Latina, o Papa recordou o grande descrédito popular em relação à política e aos partidos políticos, por causa da corrupção, como também a falta de formação e inclusão de novas gerações políticas, para prestar, com paixão, serviço aos povos.

Há necessidade – insistiu o Papa – de novas forças políticas, que brilhem pela sua ética e cultura; que façam uso do diálogo democrático; que conjuguem a justiça com a misericórdia e a reconciliação; que sejam solidárias com os sofrimentos e esperanças dos povos latino-americanos.

Neste sentido, Francisco exclamou: “Quanto precisamos, hoje, na América Latina, de uma política boa e nobre! Quanto precisamos de protagonistas!” E continuou: “O Continente latino-americano precisa de defesa do dom da vida, em todas as suas fases e manifestações; precisa de crescimento industrial e tecnologia sustentável; precisa de políticas corajosas para enfrentar o desafio da pobreza, da desigualdade, da exclusão e do subdesenvolvimento”.

Entre outras coisas, o Papa citou ainda a falta de uma educação integral e o restabelecimento do tecido familiar e social; de uma nova cultura do encontro e de uma democracia madura, que possa combater a corrupção, as colonizações ideológicas; de maior cuidado com a nossa Casa comum; de uma maior integração econômica, cultural e política; e de respeito dos direitos humanos, da paz e da justiça.

Em sintonia com o tema central destes três dias de encontro em Bogotá, Francisco citou o trecho conclusivo do Documento de Aparecida, sobre uma das grandes preocupações do Episcopado Latino-americano: “A grande ausência, no âmbito político, de vozes e iniciativas de líderes católicos, de personalidade forte e de dedicação generosa, que sejam coerentes com suas convicções éticas e religiosas”.

Na verdade, os Bispos do Continente latino-americano quiseram inserir esta observação referindo-se a uma maior necessidade de “discípulos e missionários na vida política”. Não há dúvida, - acrescentou o Santo Padre - que são muitos os testemunhos de católicos exemplares na cena política, mas deve-se, ainda mais, abrir alas para o Evangelho na vida política das nações.

Isto, porém, não quer dizer proselitismo, - esclareceu o Papa -. Ao contrário, a contribuição cristã para a ação política é dada com a missão peculiar dos leigos católicos, no âmbito social, segundo os critérios evangélicos e o patrimônio da Doutrina Social da Igreja.

A este respeito, o Papa Francisco havia escolhido, para a precedente Assembleia Plenária da CAL, precisamente o tema: “O indispensável compromisso dos leigos católicos na vida pública dos países latino-americanos”.

O Santo Padre concluiu sua vídeo-mensagem exortando aos leigos católicos a não permanecerem indiferentes na vida pública. Neste sentido, a Igreja caminha ao seu lado, com suas diretrizes em prol da dignidade humana, animando e promovendo a caridade e a fraternidade, o desejo do bem, da verdade e da justiça.

Por fim, referindo-se, de modo particular, aos participantes neste encontro de Bogotá, Francisco os adverte a um diálogo sincero e a falar com liberdade. Deste diálogo comum poderão nascer elementos iluminantes e orientadores para a missão da Igreja em nossos dias.

Assista à vídeo-mensagem (em espanhol):