Vozes da amazônia são ouvidas na preparação do Sínodo

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Padre Justino Rezende, único indígena presente na reunião, junto com outros especialistas, bispos, religiosos e leigos, levam os clamores, sonhos e esperanças da panamazônia
Publicado em: 13/04/2018 - 11:30
Créditos: Redação
REPAM

Na Secretaria para o Sínodo estiveram reunidos na manhã desta quinta-feira, 12 de abril, os 18 membros do Conselho Sinodal e mais 13 especialistas em questões amazônicas, na abertura dos trabalhos do pré-Sínodo. O encontro de abertura foi presidido pelo Santo Padre, o Papa Francisco.

O cardeal Lorenzo Baldisseri, secretario do Sínodo, definiu a Amazônia como um jardim de imensas riquezas e recursos naturais, terra mãe de povos indígenas, com uma história própria e um rosto inconfundível. Terra ameaçada pela ambição sem limites e o afã de domínio dos poderosos.

Outro elemento, foram os novos caminhos que estão no título deste Sínodo que se realizará em outubro do ano que vem, enquanto a terra amazônica apresentada como um espaço sócio cultural que implica um duplo desafio: por um lado, um desafio para a Igreja, no sentido que a Amazônia é uma terra de missão, com características próprias que exigem caminhos novos e soluções apropriadas para inculturação no Evangelho; por outro lado, não menos importante, está o desafio apresentado pela problemática ecológica, que exige como resposta uma ecologia integral na linha com a Encíclica Laudato Si.

Os trabalhos do Conselho pré-sinodal para a Amazônia continuam até sexta-feira, 13 de abril, pela tarde. Os encontros contam sempre com a presença do Papa Francisco. Os documentos preparatórios, chamados lineamenta, baseiam-se no método ver, julgar e agir.

Padre Justino Rezende, da etinia Tuyuca, era o único indígena presente. É um missionário salesiano há 34 anos e sacerdote há 24. Na sua apresentação ao Santo Padre e aos demais membros do pré-Sínodo, falou de sua alegria de ser um dos participantes, de estar pela primeira vez diante do Santo Padre e da presença da Igreja no meio de seu povo.

Agradeço ao Papa Francisco, ao cardeal Baldisseri, aos bispos, padres e assessores que fazem parte do conselho sinodal. Estou aqui falando em nome dos povos da Amazônia, especialmente em nome dos povos indígenas, sou o único indígena presente. Com gratidão digo que a Igreja está olhando para nós, com o coração e a mente voltados para nós. Está depositando em nós, povos da amazônia, esperança de receber contribuições importantes para que a Igreja seja cada vez mais universal. Nós povos indígenas, fomos evangelizados, evangelizadores hoje, também vamos contribuir para o enriquecimento da nossa Igreja.

O Senhor é nosso irmão maior, é nosso guia e nosso Pastor. Através deste sínodo temos a importante oportunidade para inovar a nossa Igreja presente na Amazônia. Agradecemos também a todos os missionários, bispos e padres, que deram a vida pelos nossos povos, defendendo nossas vidas e nossas culturas, sendo martirizados dando o sangue para banhar as terras amazônicas.

Se não fosse a Igreja já teríamos acabado. A Igreja está presente, muitos missionários adquiriram os rosto indígena, aprendendo a cultura, o idioma, as tradições e não quiseram mais retornar. Estão sepultados conosco. Graças ao nosso bom Deus, pelo trabalho missionário surgiram muitos leigos comprometidos com a Igreja – catequistas, ministros extraordinários, religiosos e sacerdotes. E este é o rosto que temos a oferecer enquanto Igreja. Estamos lá, mas também aqui no coração da nossa Igreja.