Prefeito da Congregação para a Educação Católica visita a Arquidiocese

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Cardeal Zenon Grocholewski esteve nas faculdades de Direito Canônico e de Teologia
Publicado em: 14/05/2015 - 09:45
Créditos: Jornal O SÃO PAULO - Edição 3051

Por Nayá Fernandes e Edcarlos Bispo

Em visita à Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, na sexta-feira, 8, o Cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica do Vaticano, participou de evento que reuniu, no campus Ipiranga da PUC-SP, professores, alunos, ex-alunos e funcionários do Tribunal Eclesiástico de São Paulo, além de outros interessados em aprofundar o tema do Direito Canônico e enfrentar os desafios da educação.

Em substituição ao Cônego Martin Segú Girona, decano da Faculdade, que não pôde comparecer devido a motivos de saúde, Padre Jean Rafael Eugenio Barros, vice-decano e professor de Direito Canônico, deu boas-vindas aos participantes e leu um breve histórico da Faculdade de Direito Canônico São Paulo Apóstolo, que foi aprovada no dia 26 de fevereiro de 2014, a primeira do Brasil.

Presente à atividade, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano de São Paulo, enfatizou a importância do Direito Canônico para a Igreja e os desafios da Educação. Os participantes fizeram perguntas relacionadas ao Direito e à pastoral e foram orientados a acolher, com amor e verdade, a todos os que se dirigem aos tribunais eclesiásticos.

O Direito considera a pessoa em sua dimensão eterna

“O atual código de Direito Canônico (CDC) reflete a Doutrina do Concílio Vaticano II, sendo um fruto do Concílio. João Paulo II fala que é uma forma de o Direito Canônico traduzir a eclesiologia do Concílio” afirmou Dom Zenon, ao começar sua fala durante o evento.

Sobre a dimensão antropológica, o Cardeal Grocholewski insistiu que “o Direito Canônico considera a pessoa em sua dimensão eterna.  O Direito está ao serviço do homem. Assim, o homem que quer compreender-se deve procurar Cristo. As correntes antropológicas que partem de um ideia pessimista não estão de acordo com a antropologia cristã, nem mesmo aquelas que mantêm uma visão exageradamente otimista”.

Dom Zenon ressaltou que o homem criado à imagem de Deus é capaz de conhecer a verdade e fazer o bem. “O homem é chamado a superar as dificuldades com a graça do Senhor, sabendo que o bem supremo do povo é a salvação eterna.” Outro ponto de reflexão da manhã de estudos foi a questão de que o Direito se encontra estritamente ligado à justiça.

Dom Odilo lembrou que é essencial sempre relacionar a aplicação do Direito à misericórdia e advertiu que “muitas vezes, as questões são levadas ao tribunal não com o objetivo de restaurar a justiça, mas de obter vantagens”.

Sobre esse ponto, foi observado que o Direito da Igreja é expressão de amor, pois ajuda a pessoa a aproximar-se de Deus e a realizar a própria vocação. “Sempre procurei encontrar soluções, e devo dizer sinceramente, que quando conseguíamos realizar uma conciliação, todos ficavam felizes e, ao invés, quando haviam processos, nem quem ganhava ficava feliz”, contou o Cardeal Zenon. “Devemos acolher com compreensão e amor, e também devemos apresentar a verdade. Eu penso que o mais importante é a verdade”, afirmou.

‘Nossas escolas e universidades são apreciadas em todo o mundo’

Na tarde da mesma sexta-feira, 8, ainda na Faculdade de Teologia, no campus Ipiranga da PUC-SP, o Cardeal Zenon Grocholewski, prefeito da Congregação para a Educação Católica, proferiu uma palestra que contou com a presença de professores e alunos da PUC-SP, além de diretores, gestores e professores de outras faculdades e colégios católicos.  

No evento estavam presentes o Cardeal Odilo Pedro Scherer, grão-chanceler da Universidade e arcebispo de São Paulo, Dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade, Anna Maria Marques Cintra, reitora da PUC-SP, Padre Valeriano dos Santos Costa, diretor da Faculdade de Teologia, e o professor Wolmir Therezio, reitor da PUC-GO, presidente do Conselho de Reitores das Universidades Brasileiras (Crub) e membro do Conselho Superior da Associação Nacional de Educação Católica (Anec).

O Cardeal Grocholewski fez, em sua palestra, uma breve reflexão sobre elementos que devem caracterizar o trabalho do teólogo e do educador católico. Ao responder às perguntas dos participantes, enfatizou que a principal preocupação das instituições de ensino vinculadas à Igreja deve ser a clareza quanto a sua identidade católica. “Nossas escolas e universidades são apreciadas em todo o mundo. Temos mais de 50 milhões de estudantes, há países em que nossas escolas e universidades têm mais alunos do que o número de católicos em toda a nação”.

De acordo com Dom Zenon, as instituições católicas de ensino devem aceitar todas as pessoas, mas “não podemos perder nossa identidade. Se alguém estuda numa escola católica, deve respeitar essa característica”, completou. Ele afirmou, ainda, que o principal objetivo desses estabelecimentos deve se relacionar à missão evangelizadora da Igreja, e não ao lucro.

Dom Zenon citou como exemplo a Coreia do Sul, onde os católicos eram 1 ou 2%, e atualmente são quase 11%. “Mais de 100 mil pessoas adultas por ano recebem o Batismo após 18 meses de preparação, são principalmente estudantes das universidades católicas. No País, atualmente, são mais de 5 milhões de católicos e com 8 universidades católicas”, contou.

Dom Carlos, por sua vez, destacou que as instituições católicas de ensino devem superar algumas tentações, das quais: de concorrer com o mercado e esconder sua identidade católica; de desistir no acompanhamento dos pais; do cansaço na formação dos professores.

Ao agradecer a presença de Dom Zenon, o Cardeal Scherer destacou que a Igreja no Brasil “tem muita coisa a tratar sobre a educação católica”, lembrando que das 19 universidades pontifícias no mundo, sete estão no Brasil e duas em São Paulo.  Para Dom Odilo, a visita do prefeito da Congregação para a Educação Católica recorda a importância da educação católica, do ensino, da pesquisa, da extensão, da formação cultural e das pessoas.