Papa Francisco e colaboradores da Curia fazem retiro espiritual

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<p>&nbsp;Papa Fransico&nbsp;e seus colaboradores mais próximos da Cúria Romana estão participando de uma semana de Exercícios Espirituais, em Ariccia.</p>
Publicado em: 27/02/2015 - 15:45
Créditos: Redação com Rádio Vaticano

Desde a tarde de domingo, 22, o Papa e seus colaboradores mais próximos da Cúria Romana estão participando de uma semana de Exercícios Espirituais, na Casa Divino Mestre, dos Padres Paulinos, em Ariccia. Quando da sua chegada, os ilustres hóspedes receberam as boas vindas, entre outros, do novo Superior Geral dos Paulinos, o brasileiro Padre Valdir José de castro.

No segundo dia de Retiro Espiritual, o pregador carmelita, Frei Bruno Secondin, propôs uma reflexão bíblica, baseada na leitura pastoral do profeta Elias, que teve como tema: “Servidores e profetas do Deus vivo”.
Na sua introdução, o pregador recomendou a “sair da própria aldeia” e a frequentar a “escola da misericórdia” como o profeta Elias. Praticamente uma continuação do tema que refletiu, ontem, sob o exemplo do profeta, ou seja, viver uma “vida de periferia”.

O acontecimento de Elias, narrado no livro dos Reis (17, 1-17), sugeriu ao Padre carmelita um sério exame de consciência pessoal, com base na “Palavra de Deus”, que busca levar o discípulo do Senhor a imergir nesta grande fonte de riqueza.

Padre Secondin explicou que suas meditações não pretendem seguir uma ordem cronológica, mas os grandes cenários da Escritura, propondo uma “leitura pastoral e sapiencial” das vicissitudes de Elias. Este é um profeta que caminha e não se detém em um lugar fixo; é um homem em contínuo movimento, um ótimo companheiro de viagem, que passa por tantas experiências de purificação pessoal.

Com efeito, ele se põe a caminho rumo a muitos centros de poder, mas, sobretudo, às “periferias e as fronteiras geográficas existenciais”, colocando-nos diante de tantos problemas, até os mais interiores. Aqui, o pregador coloca em realce a “fragilidade e a vulnerabilidade” de Elias.

Para compreende melhor a missão do profeta é preciso inseri-lo no seu contexto histórico. Ele era originário de uma região periférica, de pouco bem-estar e religiosidade tradicional. Desta forma, ele tem uma reação diante de uma nova realidade de “depravação religiosa e social”: comercial, militar e agrícola, que produziam bem-estar, a ponto de causar vertigem. Aqui, pode-se acrescentar a presença de novos deuses, que causavam transtorno na vida do povo.

Neste estado de confusão moral, de depravação e de perda de identidade, o verdadeiro Deus era considerado bom apenas pelas pessoas ignorantes. Por isso, Elias reage duramente e as ameaça, por conta própria e não por ordem de Deus.

Nestas alturas, Deus faz ouvir a sua voz e pede a Elias para ir embora, ou seja, devia “ouvir, obedecer e deixar que Deus fosse seu Deus”. Deus pediu-lhe para “tomar distância, ir contracorrente, viver em solidão”, afim de “purificar-se, reencontrar as próprias raízes e a razão da sua fidelidade”. O próprio encontro do profeta com a viúva de Sarepta nos recorda que também os “pobres nos evangelizam”.

Logo, o objetivo das vicissitudes de Elias era fazer do amor de Deus o centro da sua existência, confiar em Deus. Desta maneira, Deus pede ao profeta certo desapego dos seus planos pessoais, para aprender a obedecer e a ouvir a Deus, deixando-o atuar livremente.

Ao término da sua meditação, o pregador carmelita convidou os presentes a um sério exame de consciência, com base no comportamento de Elias: será que, algumas vezes, perdi a paciência? Falei claro ou atrás dos bastidores, murmurando e alimentando conversas fiadas? Comporto-me com sobriedade sã e serena? Deixo-me arrastar pelo meu consumo desenfreado na vida, pelas coisas que me circundam, pelo modo de me vestir?

O pregador acrescentou ainda: mantenho a alegria e o frescor pelo meu primeiro amor ou desanimei? Mantenho uma vida de periferia ou gosto de estar ao centro da atenção e das honras? Tenho confiança na Providência ou sou fanático em programar tudo e a esperar os resultados?

Enfim, entre tais idolatrias, o pregador do Retiro chamou a atenção dos presentes para não cair na tentação de querer misturar tudo, criando uma religiosidade “confusa e sincretista”.