Por Fernando Geronazzo

O Padre Wilson Pereira dos Santos, Pároco Paróquia Nossa Senhora Aparecida e São Matias, na Região Episcopal Santana, passa bem após ser atingido por um tiro durante um arrastão no Metrô de São Paulo na tarde desta quarta-feira, 3.

O Sacerdote de 35 anos ainda se recupera do susto causado por dois adolescentes que dispararam contra ele dentro de vagão do Metrô na estação Parada Inglesa, da Linha 1-Azul, na Zona Norte.  O tiro atravessou superficialmente sua perna direita sem atingi-lo gravemente.

De acordo com o relato do Padre, por volta das 16h, dois adolescentes embarcaram no trem na estação Jardim São Paulo-Ayrton Senna e, durante o trajeto até a estação seguinte, roubaram nove celulares e uma carteira. Ao chegarem na estação Parada Inglesa, os jovens ameaçaram atirar caso alguém saísse do trem. “Ninguém no vagão reagiu. Eu não estava olhando para eles no momento do disparo, pois evitei ao máximo olhá-los, justamente para não intimida-los”, explicou o Sacerdote.

Padre Wilson informou, ainda, que havia por volta de 15 a 20 pessoas no vagão e que todas entregaram sem hesitarem os pertences que foram pedidos pelos assaltantes. “Nós permanecemos no vagão conforme a exigência dos adolescentes. Com a movimentação dos passageiros dos outros vagões, começamos a sair  aos poucos e só então os seguranças do Metrô foram informados do ocorrido”, contou o Pároco, que saiu caminhando normalmente e recebeu os primeiros socorros dentro da estação.

De acordo com a Polícia Militar, que apreendeu os adolescentes  de 16 e 17 anos no entorno da estação, os próprios infratores afirmaram que o disparo aconteceu acidentalmente e arma usada no crime estava com o mais novo. Eles foram encaminhados para uma unidade provisória da Fundação Casa.

Sociedade violenta

Para o Padre Wilson, o fato é fruto da violência que atinge toda a cidade. “A sociedade em que vivemos hoje é violenta. Não devemos nos acomodar com essa situação, mas também não podemos responder a essa violência com mais violência”, disse, ressaltando que a maneira que ele encontrou para viver em São Paulo é mantendo a calma e não sendo violento.

Pelo fato de os assaltantes serem menores de idade, o incidente suscitou novamente o  recente debate sobre a redução da maioridade penal. Porém, o Padre, que não se posiciona categoricamente à favor ou contra a mudança, destacou que não vê a redução como uma solução. “Eu, pessoalmente, não acredito que só reduzindo a maioridade penal que irá resolver as coisas. É preciso não apenas investir em educação, mas até em infraestrutura familiar, humana, para que esses delitos não venham a ser mais comuns”, acrescentou o Sacerdote, que também chamou a atenção para o fato de que é preciso haver um sentimento de justiça em todos os âmbitos da sociedade. “Não vejo diferença, por exemplo, entre uma pessoa que mora na periferia e comete esse tipo de delito, com políticos e empresários de desviam milhões dos cofres públicos”.

“Eu penso que tem mais culpa as pessoas que possibilitaram esse tipo de ação. Como que aquela arma chegou nas mãos daqueles menores? Qual seria na nossa parcela de culpa, enquanto sociedade, diante de tudo isso?”,  também refletiu Padre Wilson, que afirmou que não sente nenhum ressentimento e perdoa os agressores, ressaltando que é o que ensina o Evangelho.