Cardeal Scherer: ‘A mulher grávida é a imagem da esperança’

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Na tarde do dia 20, Arcebispo metropolitano presidiu missa no Amparo Maternal, que acolhe gestantes, puérperas e bebês
Publicado em: 21/12/2018 - 16:30
Créditos: Flavio Rogério Lopes

A imagem de Nossa Senhora da Expectação e a chama da vela que a iluminava estavam diante de mulheres grávidas, ansiosas para dar à luz, e de mães com seus filhos no colo, lembrando a alegria de Maria na manjedoura, ao acolher o Salvador em seus braços.

No salão do Amparo Maternal, na quinta-feira, 20, junto com os colaboradores, voluntárias e pacientes, o Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo Metropolitano, presidiu missa no contextos dos festejos natalinos.

“A mulher grávida é a imagem da esperança, porque ela sabe que já tem um filho, ainda não o veja, mas tem a certeza que está ali e daqui a pouco vai vê-lo. Essa é a imagem da esperança cristã, aquilo que Deus nos promete e nós sabemos que é realidade, porque Deus não nos engana. É justamente isso que recordamos no tempo do Advento.”, disse o Arcebispo.

NATAL COM JESUS

Na homilia, Dom Odilo convidou à reflexão sobre a passagem do evangelista Lucas, que narra o anúncio do anjo Gabriel a Maria, e reiterou que todos devem tomar cuidado com a banalização do Natal, que não é uma festa social, mas sim cristã.

“Nós, cristãos, temos essa missão de dizer ao mundo as razões do Natal e de nossa alegria, as razões pela qual damos presentes e fazemos festa, a razão pela qual o verbo se fez carne e habitou entre nós. Deus veio ao mundo e se fez humano para ser um de nós.”

O Cardeal convidou todos a atenderem a um pedido do Papa Francisco para este Natal. “Antes do Natal, que cada um procure um momento de silêncio, para se colocar em reflexão e oração diante justamente do verdadeiro mistério do Natal, daquilo que é a realidade professada da nossa fé, em relação a esta festa”, afirmou.

O SIM DE MARIA

O Arcebispo de São Paulo recordou a entrega de Maria, que mesmo assustada ao perceber o tamanho da missão que recebeu, aceitou e confiou integralmente em Deus, mesmo com o medo do que estava por vir.

“Não tenhas medo é uma expressão que aparece muitas vezes na Bíblia quando Deus chama alguém para uma missão. Normalmente, quem é chamado entende que a missão é grande, que sozinho não vai dar conta, mas vem imediatamente o conforto – ‘Eu estou contigo - para dizer que Deus está com quem Ele chama a uma missão”, afirmou.

AMPARO: LUGAR DE ACOLHIDA INTEGRAL

Fundado em 1939, por Dom Duarte Leopoldo e Silva, então Arcebispo de São Paulo, o Amparo Maternal é atualmente administrado pelas Irmãs de Santa Catarina e atende um amplo público para partos, além de manter um centro de acolhida, para gestantes em situação de vulnerabilidade social, como mulheres em situação de rua, com dependência química e migrantes.

“O lema é nunca recusar ninguém. Recebemos mulheres gestantes em situação de vulnerabilidade e risco social e o seu bebê. O nosso papel é acolher na integralidade, apoiando em todos os momentos que a mulher se encontra aqui no Amparo.”, disse ao O SÃO PAULO Jakeline Dominici, gerente do Centro de Acolhida do Amparo Maternal.

Jakeline destacou que todo o trabalho é mantido por doações e que as mães são sempre bem-vindas ao Amparo. “É revigorante. Muitas das meninas que já foram acolhidas vem aqui nos visitar, e muitas estão de volta aos seus lares na paz de Deus.”, concluiu.

AMOR AO SERVIÇO

Atualmente, o Amparo Maternal conta com 80 voluntários e aproximadamente 400 funcionários. Em média, são realizados 480 partos mensais, sendo 72% de partos normais, humanizados, que são a prioridade nessa instituição ligada à Igreja Católica.

A coordenadora do voluntariado do Amparo, Maria Ilze Moreno, é voluntária há 38 anos. “Nós sempre temos algo que marca muito. Quando eu fui fazer o trabalho de doula, o primeiro nascimento, aquilo me convenceu muito é algo muito lindo ver o nascimento de um bebê.”, recordou.

Maria Ilze destacou que cada ano traz um novo desafio, mas o amor ao serviço é sempre o mesmo.  “O nosso grande desafio é o bazar de fim de ano. Nós começamos a colher as coisas em meados de junho e este ano foi difícil, pois não tínhamos recebido nada. Agora no fim apareceram coisas, no fim, foi um bazar maravilhoso”, concluiu.

GRATIDÃO

Dom Odilo, logo no começo da missa, agradeceu a todos os colaboradores, voluntárias e a diretoria pelo trabalho e dedicação: “Essa ocasião serve para agradecer a Deus por tudo que ao longo do ano foi realizado de bom, tudo aquilo que foi bonito, e ao mesmo tempo colocar na mão de Deus o próximo ano, para que o Amparo Maternal possa continue cumprindo a sua missão”, afirmou.

Jakeline Dominici destacou a alegria de receber Dom Odilo e sua bênção, e lembrou que no Amparo Maternal celebra-se o Natal todos os dias, pois ali “nasce um bebê e renasce uma mulher.”

Luciney Martins/O SÃO PAULO