Bem-aventurada Assunta Marchetti

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A Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo Scalabrinianas está em festa. Pela memória da religiosa italiana, beatificada em outubro de 2014
Publicado em: 01/07/2016 - 12:00
Créditos: Redação

 

Hoje a Igreja celebra a memória litúrgica da Beata Assunta Marchetti. Madre Assunta é co-fundadora da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeu (Scalabrinianas).

Na manhã desta sexta-feira (1), Dom Odilo Pedro Scherer, arcebispo metropolitano presidiu missa na Capela Nossa Senhora de Lourdes, (capela dedicada a Bem aventurada  Madre Assunta,) na Vila Prudente,na região episcopal Belém.

História

A menina Assunta nasceu em Lombrici, de Camaiore, província de Lucca, Itália, no dia 15 de agosto, dia em que a Igreja celebra o dia da Assunção de Nossa  Senhora ao céu, daí seus  pais Angelo Marchetti e Carolina Ghilarducci resolveram batizar a filha com o nome de Assunta.

Toda a família se dedicava ao trabalho da moagem de cereais, e dependiam do moinho não só para o sustento como para a moradia. Além do pesado trabalho, a mãe adoentada confiava na ajuda de Assunta no cuidado dos irmãos menores, pois era a terceira filha de 11 irmãos. A situação dificultou-lhe a realização de seu desejo de tornar-se irmã clarissa, contemplativa. Seu anseio foi adiado ainda mais, pois seu irmão mais velho José Marchetti  ingressou no seminário de Lucca, e ordenou-se padre em 1892.

Era a época da grande imigração italiana para as Américas e impulsionado pela pregação do Beato Dom João Batista Scalabrini, apóstolo dos migrantes, seu irmão o agora  Padre  José embarcou para o Brasil em outubro de 1894. Em fevereiro de 1895 iniciou a construção do Orfanato Cristóvão Colombo, em São Paulo, e retornando à Itália, convidou Assunta a abraçar a causa dos migrantes.

Não foi fácil convencê-la, pois ela queria ser irmã de clausura, e dedicar-se à vida de oração pela Igreja. Então seu irmão teve uma ideia e  lhe disse: “Lá estou sozinho com 200 órfãos, olhe para o Coração de Jesus, escute seus apelos e depois me responda se vem ou não comigo para o Brasil”.

Assunta simplesmente abaixou a cabeça e disse Sim e partiu em viagem com seu irmão. Diante do chamado da graça, não usou de meios termos, mas tomou sua decisão definitiva e total. Com apenas 24 anos , ela, sua mãe Carolina e mais duas vocacionadas fizeram os votos simples como membros das ‘Servas dos Órfãos e Abandonados no Exterior’, nome original da congregação, fundadas por Dom Scalabrini e seu irmão Padre José. Em outubro de 1895 partem para o Brasil, deixando definitivamente sua pátria. Sua mãe ficara viúva, estava com 45 anos e trazia suas duas filhas menores, de 4 e de 2 anos.

Chegando em São Paulo, enfrentaram o alucinado trabalho de cuidar de centenas de órfãos, gestantes, imigrantes afetados pela cólera, difteria. O objetivo do orfanato era o de criar em torno da vida das crianças um clima de família, para que elas pudessem se tornar protagonistas do seu próprio viver, qualquer criança era bem vinda , independente de sexo , raça ou crença.

Madre Assunta se colocou à frente desse grupo inicial de 4 irmãs, ocupando tanto o posto de superiora como o de cozinheira. Foi a base que sustentou a congregação, sobretudo diante da morte antecipada do irmão e fundador, aos 27 anos, em dezembro de 1896.

Por sugestão de Dom Antônio Cândido de Alvarenga, então bispo diocesano de São Paulo, a congregação mudou o nome para o de Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo, as Scalabrinianas ou Irmãs Carlistas.  Assunta concordou, pois achava que o nome condizia bem com o carisma inicial do grupo. Anos depois, em 1900, foi forte e decidida quando teve que defender sua congregação contra a decisão de incorporá-las à congregação das Irmãs Apóstolas, como era intenção de Dom Scalabrini. 

Mas ela soube enfrentar autoridades com respeito, decidida por continuar a observar o carisma fundacional e as constituições escritas por Pe. Marchetti. Dom Scalabrini esteve durante 1 mês em São Paulo, em 1904, junto às irmãs. Encorajou-as, e ao retornar à Itália decidiu pedir à Santa Sé a separação das duas congregações, pois tinham carismas diferentes.

A partir de 1907 veio a solução definitiva, quando as Missionárias de São Carlos, por ser ainda de direito diocesano, passaram a depender do bispo de São Paulo, que na ocasião era Dom Duarte Leopoldo e Silva, que contribuiu para que essa solução fosse tomada, mas, como era próprio do estilo autoritário da época, em 1910 determinou que Madre  Assunta e suas companheiras, após 15 anos de vida religiosa, fizessem novamente o noviciado canônico.Assim, em 1912 elas puderam fazer seus votos perpétuos e Assunta foi nomeada superiora geral por seis anos.

 A partir daí o trabalho aumentou, como por exemplo atender à noite pessoas que batiam à sua porta no pequeno ambulatório instalado no orfanato feminino de Vila Prudente. Quando trabalhava nos hospitais, não tinha um instante de descanso, pois os doentes sempre a queriam por perto, seja para dizer-lhes uma boa palavra, seja para curar suas feridas.

Dormia ao lado dos indigentes, para atendê-los a toda hora. A religião, para ela, era o serviço ao pobre: servia-o como se servisse a Cristo em pessoa. Com a mesma solicitude com que se dirigia à capela para rezar, dirigia-se ao pobre para servi-lo, pois o Cristo presente na Eucaristia era o mesmo presente nos sofredores.

Uma frase muito conhecida dela foi: “Tudo o que acontece é bom, porque vem de Deus”.  Nos últimos meses viveu em uma cadeira de rodas, mas mesmo imobilizada em uma cama, interessava-se por tudo o que se passava na casa, preocupando-se com todos. Após 53 anos de vida missionária, Madre Assunta Marchetti morreu como viveu: tranquila e serena no meio dos seus órfãos em 1º de julho de 1948.

Hoje as Irmãs Carlistas são mais de 800, presentes em 20 nações de 4 continentes. Madre Assunta foi Beatificada no dia 25 de Outubro de 2014 na Catedral da Sé , em São Paulo, em celebração presidida por Cardeal Angelo Amato,Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos e pelo Arcebispo de São Paulo , Cardeal Odilo Pedro Scherer.