Cardeal Geraldo Majella Agnelo, do clero de São Paulo

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13/07/2022 - 15:30

O Cardeal Geraldo Majella Agnelo completou, recentemente, 65 anos de ordenação sacerdotal. Nasceu em Juiz de Fora (MG), no dia 19/10/1933, onde fez seus estudos iniciais; em seguida, em São Paulo, cursou Filosofia e Teologia no Seminário Central do Ipiranga. Depois da ordenação sacerdotal, especializou-se em Sagrada Liturgia, conseguindo o Doutorado pelo Pontifício Ateneu Santo Anselmo, de Roma. Recebeu a ordenação sacerdotal em 29 de junho de 1957, na Catedral de São Paulo. Depois da ordenação, desempenhou os encargos pastorais de Assistente da Juventude Estudantil Católica Feminina, Diretor Espiritual e Professor no Seminário Santo Cura d’Ars, no Seminário filosófico de Aparecida (SP) e no Seminário teológico de São Paulo. Foi Secretário do Cardeal Carlos Carmelo de Vasconcellos Motta, Coordenador da Pastoral da Arquidiocese, Professor e Diretor da Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção e Cônego da Catedral. Foi nomeado Bispo da Diocese de Toledo (PR) por São Paulo VI em 13 de maio de 1978 e recebeu a ordenação episcopal em 6 de agosto de 1978, na Catedral Metropolitana de São Paulo. Durante o rito de ordenação, faleceu o Papa São Paulo VI. O lema episcopal de Dom Geraldo é “caritas cum fide” – “a caridade com a fé”. Foi Bispo de Toledo, de 1978 a 1982; Arcebispo de Londrina (PR), de 1982 a 1991, Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de 1991 a 1999; Arcebispo de São Salvador da Bahia e Primaz do Brasil, de 1999 a 2011. Recebeu o cardinalato de São João Paulo II no Consistório de 21 de abril de 2001, com o Título presbiteral de São Gregório Magno alla Magliana Nuova. Entre os encargos episcopais que desempenhou também estão os de Presidente da Comissão de Liturgia da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, CNBB (1983-1987); Vice-Presidente do Regional Sul 2 e membro da Comissão Episcopal Pastoral, CEP (1983 a 1987); 2º Vice-Presidente do CELAM, Membro do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes; do Pontifício Conselho dos Bens Culturais da Igreja; Presidente da CNBB (2003 a 2007). Publicou vários livros sobre Liturgia e Pastoral dos Sacramentos, além de numerosos artigos em revistas especializadas e em jornais. Desde 12 de janeiro de 2011, é Arcebispo Emérito de São Salvador da Bahia. Quem teve a sorte de conhecer e conviver de perto com Dom Geraldo pode testemunhar sua afabilidade e bondade e a virtude de criar laços de amizade e comunhão entre as pessoas. É atencioso, paciente e amoroso para com todos. Por onde passou, deixou amigos que lhe querem bem ao longo do tempo que passa. A vida sacerdotal de Dom Geraldo foi marcada por um grande amor à Igreja e uma contínua dedicação às coisas da Igreja, a serviço da fé e ao testemunho da vida cristã. Dom Geraldo mostrou sempre grande zelo pela Liturgia, pela boa formação dos sacerdotes e do povo católico e pela irrestrita fidelidade ao Papa e à Igreja. Procurou interpretar a reta reforma litúrgica, desejada pelo Concílio Vaticano II, sem extremismos de uma parte ou de outra. A Liturgia é a expressão orante da fé e, por isso, ela não pode estar sujeita ao arbítrio das decisões individuais. A unidade da Liturgia, segundo a norma do Magistério, contribui muito para cultivar e manter a unidade da fé e da caridade na Igreja. Pude estar ao lado de Dom Geraldo em três momentos de sua vida sacerdotal e episcopal, que sempre me edificaram e ensinaram muito. Primeiramente, sendo ele um jovem bispo em Toledo e eu, um padre com menos de dois anos de ordenação sacerdotal, marcaram-me muito a proximidade e o amor de Dom Geraldo pelos padres, religiosos, seminaristas e ao povo. Essa proximidade não lhe impedia de corrigir e orientar com firmeza o que precisava ser corrigido e orientado. Mas ele sabia unir firmeza e suavidade no seu agir. Os quatro anos de seu ministério episcopal em Toledo deixaram fortes marcas naquela diocese. Depois, vivi perto de Dom Geraldo em Roma, de 1994 a 1999, sendo ele o Arcebispo Secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos. Como eu, também outros sacerdotes e religiosos brasileiros trabalhavam em diversos Dicastérios da Cúria Romana, a serviço da Santa Sé e do Papa. Dom Geraldo era uma forte referência para os brasileiros que estavam em Roma. Em sua residência, não muito grande, perto da Basílica de São Pedro, aconteciam frequentes encontros de partilha fraterna nas visitas e refeições. Dom Geraldo era como um pai para aquele grupo. O terceiro período de vivência próxima com Dom Geraldo se deu no exercício da Presidência da CNBB, de 2003 a 2007, quando ele era Presidente, Dom Celso de Queiroz, Vice-Presidente, e eu, Secretário-Geral. Foi um período desafiador, pois se tratava de colocar em prática o novo Estatuto e Regimento da Conferência e de renovar sua estrutura e funcionamento. E também foi o período rico da preparação da Conferência de Aparecida (2007). Dom Geraldo, na Presidência, transmitia muita segurança para o desempenho da minha missão, e ele também favoreceu um clima de serenidade e abertura para um tempo novo na evangelização na CNBB. Ele mostrou sempre muito amor à Igreja no Brasil e proximidade do Papa no caminho da comunhão e da unidade da Igreja. Celebrando seus 65 anos de ordenação presbiteral e vendo o grande bem realizado por ele ao longo de sua vida sacerdotal, podemos exclamar com ele: que poderei retribuir ao Senhor por todo o bem que fez em meu favor? – Erguerei mais uma vez o cálice da salvação e invocarei o nome santo do Senhor, na certeza de que Deus completará, até o fim, a boa obra que nele começou pelo ministério de Dom Geraldo. Que Deus o abençoe e recompense pela sua longa e generosa dedicação sacerdotal! Que o Senhor da messe continue a enviar operários à sua messe, que é grande e precisa de muitos trabalhadores! Nossa Senhora do Carmo, de quem Dom Geraldo é devoto, interceda por ele e o conforte em todos os momentos!

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo Metropolitano de São Paulo

Publicado em O SÃO PAULO, na edição de 12/07/2021