Pensando o Sínodo Arquidiocesano

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04/04/2017 - 19:45

A Arquidiocese de São Paulo está a caminho da realização do seu primeiro sínodo arquidiocesano. A reflexão sobre a oportunidade desse evento eclesial já ocorreu em reuniões com os bispos auxiliares, no âmbito do Conselho de Presbíteros e do Conselho arquidiocesano de Pastoral.

Embora seja algo novo na história de nossa arquidiocese, os sínodos diocesanos são uma prática secular na Igreja e aparecem recomendados pelo Magistério. A Congregação para os Bispos e a Congregação para a Evangelização dos Povos (De Propaganda Fide) emitiram em conjunto a “Instrução sobre os Sínodos Diocesanos”, em 1997. E não faltam exemplos de sínodos realizados, ou em curso, também na atualidade, mesmo perto de nós, como é o caso da diocese de Santo André, SP.

O objetivo básico do sínodo diocesano é rever, renovar e revitalizar a pastoral da diocese, passando pela avaliação e a reflexão sobre os diversos aspectos da realidade eclesial diocesana, o discernimento sobre as decisões a tomar, à luz da Palavra de Deus e do Magistério da Igreja, e a elaboração de diretrizes pastorais para suscitar um novo dinamismo na vida da diocese. O sínodo é convocado e presidido pelo bispo diocesano, que também aprova as diretrizes e os encaminhamentos sinodais.

Do sínodo esperam-se muitos frutos para a vida da Arquidiocese; entre outros, o aprofundamento da consciência eclesial, o maior envolvimento de todos os membros do corpo eclesial na vida e na missão da Igreja, o despertar de um novo ardor missionário, a pastoral de conjunto mais vigorosa, a revisão de estruturas pastorais obsoletas e ineficazes e o surgimento de uma renovada organização pastoral.

O sínodo diocesano não tem a competência de modificar a doutrina da fé e da moral da Igreja, nem de alterar a disciplina universal da Igreja; mas poderá levar à revisão e reelaboração de normas pastorais diocesanas. Poderá também refletir sobre a introdução de mudanças na estruturação pastoral atual da arquidiocese de São Paulo. Não é demais nos perguntarmos, se a organização em regiões episcopais e setores é a mais adequada às atuais condições e urgências enfrentadas pela Igreja na Metrópole. Da mesma forma, será interessante avaliar se, e em qual medida, nós conseguimos alcançar e envolver as pessoas com a mensagem da fé e a proposta de vida eclesial. Daí podem decorrer novas decisões pastorais, em vista de uma evangelização mais eficaz.

Um pressuposto essencial do sínodo arquidiocesano é o envolvimento amplo da inteira comunidade eclesial, chamada a se interessar na busca do maior bem da Igreja em São Paulo. Esse envolvimento precisa acontecer em diversos níveis e etapas do caminho sinodal. Uma primeira fase será destinada à motivação e à oração pelo sínodo arquidiocesano. É indispensável interesse e motivação esclarecida para a realização e o bom êxito do sínodo. Isso requer reflexão teológica sobre a Igreja, sua natureza e sua missão; e a invocação do Espírito Santo, “alma da Igreja”, deverá acompanhar todas as etapas do sínodo. A vitalidade e a fecundidade da Igreja dependem da ação do Espírito de Cristo e da nossa colaboração sincera e generosa com ele.

Após diversas etapas preliminares, o sínodo diocesano chega à realização da assembleia sinodal propriamente dita, com os participantes eleitos ou com direito de participação por função exercida. De direito, participam os bispos auxiliares e os membros do Conselho de Presbíteros; a participação de outros membros é estabelecida por um regulamento do sínodo, previamente aprovado. A assembleia sinodal, finalmente, deverá elaborar propostas a serem levadas em conta na revisão das estruturas e organizações pastorais. Terminado o sínodo, seguem os trabalhos de efetivação das diretrizes do sínodo.

Desde logo, convido todos os filhos e filhas da arquidiocese de São Paulo a rezarem pela realização do nosso sínodo arquidiocesano. Tenho muita esperança nos frutos que poderão vir desse esforço concentrado de toda a comunidade eclesial arquidiocesana, na busca da fidelidade à missão recebida.

Cardeal Odilo Pedro Scherer

Arcebispo metropolitano de São Paulo

Artigo publicado no  Jornal O SÃO PAULO - Edição 3145 - De 5  a  11 de abril de 2017