Zélia Arns: “Um homem bom, ele era único”

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Irmã mais nova de Dom Paulo fala de seu relacionamento com ele
Publicado em: 16/12/2016 - 00:15
Créditos: Larissa Freitas e Edcarlos Bispo

 

Caçula de uma família de oito irmãos, Zélia Arns Straube da Cunha, comentou sua convivência com seu irmão Dom Paulo. De fisionomia semelhante à dele, a caçula da família Arns, relembra a demora em conhecê-lo, já que sua vida sempre foi dedicada à Igreja.

“Quando eu era criança eu não o conheci, pois ele estava no seminário. Fui vê-lo pela primeira vez aqui em Curitiba, quando ele estava fazendo a filosofia, mas foi só de olhar mesmo. Eu fui vê-lo novamente quando ele rezou a primeira missa em Forquilhinha em 1945”, comenta Zélia.

Vinte e quatro anos de diferença. Zélia, 78 anos, Dom Paulo, 95, e vagas lembranças sobre o tão querido irmão. Zélia afirma que recorda de momentos bonitos ao lado de Dom Paulo. “ Nós fomos visitar ele no morro de Petrópolis, ele foi professor lá na faculdade, fomos eu e uma outra irmã nossa que já faleceu. Depois da missa, aos domingos, ele ia nos morros juntava as crianças da catequese, cantava com elas, era a coisa mais linda! ” lembra.

A preocupação de Dom Paulo com São Paulo e com a vida na Igreja foram pontos muito destacados por Zélia, ela diz que mesmo reunido em família havia uma responsabilidade grande com o povo do qual ele era responsável. Os momentos de convivência foram marcantes, mas não tão longos assim.

“Sempre brincava com ele. Na casa dele tem um quintalzinho porque a casa dele lá em Taboão da Serra é muito simples e sempre que o tempo estava bom, ele pegava sua bengala e começava a andar por lá, aí ele ficava olhando as plantas e falava: ‘Poxa vida eu já fiz a minha parte aqui na vida, não sei porque que Deus não me chama’. E eu brincava, eu acho que você não fez porque está aqui ainda”, disse.

Vida em Família

Família unida e de muita fé, a mãe de Dom Paulo Evaristo Arns sempre se manteve em oração e confiante de que tudo daria certo. Dentro da rotina corrida de todos os irmãos, os momentos de comunhão e encontros eram únicos.

Para a família a ditadura foi uma preocupação frequente, principalmente na época de Emilio Garrastazu Médici. “Meu irmão ficava sem palavras, achava sempre que o Médici estava arrasando o Brasil, que não era justo o que ele estava fazendo. Foi um dos que ele menos apreciou porque não respeitava a religião, sempre dizia ‘você fique lá na Igreja que a gente cuida da política, não se meta nas nossas coisas’” comenta.

Em sua casa todos torciam para que tudo desse certo em sua jornada, Zélia reforça para a família a ditadura foi uma das épocas mais difíceis, porém, observa, como tudo deu certo.