Os Papas e os Rosários

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13/10/2016 - 15:15

O mês de outubro, como sabemos, é o mês do Rosário. Celebramos no dia 7 a festa de Nossa Senhora do Rosário e, no dia 12, Nossa Senhora da Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil.

Os mistérios do Rosário, divididos em quatro grupos, percorrem os grandes momentos da História da Redenção: o anúncio e o Nascimento de Jesus, os episódios da vida pública, a Paixão, Morte e Ressurreição, além de Pentecostes, Assunção e Coroação de Maria Santíssima. Os quatro grupos de mistérios se escalonam ao longo da semana e assim se convertem numa espécie de compêndio da vida de Jesus.

Ao meditar esses mistérios somos convidados a contemplar a vida de Jesus com o olhar de Maria Santíssima.

São João Paulo II, em julho de 1980, na sua visita a Aparecida, nos dizia: “E vós, devotos de nossa Senhora e romeiros de Aparecida (...) conservai zelosamente este terno e confiante amor à Virgem, que vos caracteriza. Não o deixeis nunca arrefecer. E não seja um amor abstrato, mas encarnado. Sede fiéis àqueles exercícios de piedade mariana tradicionais na Igreja: a oração do Ângelus, o mês de Maria, e de maneira especial, o Rosário”

Já o Papa Bento XVI rezou o terço em Aparecida, em maio de 2007, e nos animou a permanecer na escola de Maria: “Inspirai-vos nos seus ensinamentos, procurai acolher e guardar dentro do coração as luzes que Ela, por mandato divino, vos envia lá do alto”.

Anos antes, o então Cardeal Ratzinger, em seu livro, “Deus e o mundo”, escrevera: “para encontrar a paz eu recomendaria o rosário. É uma oração que, além do seu significado espiritual, exerce uma influência tranquilizadora na alma. Nele, ao ater-se às mesmas palavras, a gente se liberta de pensamentos que atormentam”.

E o Papa Francisco certa vez explicou que deve a São João Paulo II o seu costume de rezar o terço diariamente: contava que, em 1985, havia ido a Roma para participar da primeira JMJ. Naquela ocasião, acompanhou o terço dirigido pelo Papa e se impressionou com a sua concentração nessa oração. Explicou que o imaginava rezando o terço em todas as fases da vida: quando criança, jovem operário, sacerdote, bispo...

Em 2013, o Papa Francisco veio rezar em Aparecida antes da JMJ do Rio de Janeiro e terminou a homilia dizendo: Queridos amigos, viemos bater à porta da casa de Maria. Ela abriu, nos fez entrar e nos aponta o seu Filho. Agora, ela nos pede: «Fazei o que Ele vos disser» (Jo 2,5). Sim, Mãe, nos comprometemos a fazer o que Jesus nos disser! E o faremos com esperança, confiantes nas surpresas de Deus e cheios de alegria”.

O terço foi tradicionalmente proposto pelos papas como oração pela paz, para destruir a inimizade que separa os povos em lugares onde há sérios conflitos. Durante este mês podemos pedir a Jesus, por intermédio de Maria, o dom da paz para essas nações onde há milhares de refugiados, populações que vivem em meio a guerras e guerrilhas...

Neste mês, também haverá o Sínodo dos Bispos em Roma sobre a família: podemos oferecer o terço por essa intenção do Papa, unidos a toda a Igreja.

Façamos a oração para o Sínodo dos Bispos sobre a Família: Jesus, Maria e José, em vós nós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor, a vós dirigimo-nos com confiança. Sagrada Família de Nazaré, faz também das nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, nunca mais nas famílias se vivam experiências de violência, fechamento e divisão: quem quer que tenha sido ferido ou escandalizado receba depressa consolação e cura. Sagrada Família de Nazaré, que o próximo Sínodo dos Bispos possa despertar de novo em todos a consciência da índole sagrada e inviolável da família, a sua beleza no desígnio de Deus. Jesus, Maria e José, escutai, atendei a nossa súplica.

Dom Carlos Lema Garcia

Bispo auxiliar da Arquidiocese e vigário episcopal para a Educação e a Universidade