Dom Carlos Lema Garcia chama atenção para a grande responsabilidade que temos em defender o tesouro da amizade.

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Dom Carlos Lema Garcia chama atenção para a grande responsabilidade que nós temos de defender o tesouro da amizade e cita sinais de que ela é verdadeira.
Publicado em: 29/05/2015 - 10:00
Créditos: Dom Carlos Lema Garcia

                                               Grandes Amizades

Cheguei de Roma há uns dias, onde participei – juntamente com D. José Roberto Palau - 

de um curso para Bispos nomeados recentemente em todo o mundo. 

No dia 18 de setembro, tivemos a graça de sermos recebidos na Sala Clementina pelo 

Papa Francisco.

Estávamos numa alegre expectativa do momento de ver, ouvir e cumprimentar o Papa. 

Logo de início o Papa disse que já nos conhecia de algum modo, mas queria ver o nosso 

rosto e auscultar os sentimentos do nosso coração: “depois de ter ouvido falar de vós, 

posso ouvir pessoalmente o coração de cada um e fixar o meu olhar em cada um de vós 

para divisar as numerosas esperanças pastorais que Cristo e a sua Igreja depositam em 

vós. É bonito ver revelado nos rostos o mistério de cada um e poder ler aquilo que Cristo 

escreveu neles.”

Sentíamos a sua profunda compreensão do Papa para conosco: “Estimados Irmãos, o 

nosso encontro tem lugar no início do vosso caminho episcopal. Já passou o clamor 

suscitado pela vossa escolha; foram superados os primeiros temores, quando o vosso 

nome foi pronunciado pelo Senhor; e agora até as emoções vividas na consagração se 

vão gradualmente depositando na memória e, de certa forma, o peso da responsabilidade 

adapta-se aos vossos ombros frágeis.”

No final, cumprimentou-nos um a um.

Apesar de ser um grupo grande, o Papa Francisco dirigia a cada um com um sorriso 

amável e carinhoso: como se tivesse todo o tempo disponível para nós.

Todos nos sentimos mais irmãos, mais unidos, sentindo fortemente a comunhão do 

Colégio Episcopal.

Que alegria ter muitos irmãos e verdadeiros amigos!

Queria aproveitar para fazer uma pergunta: quantos amigos você e eu temos?

Em certa ocasião, um rapaz, diante dessa pergunta, respondeu sem titubear: 1262 

amigos!

Como assim? Saiu naturalmente a pergunta.

Tenho exatamente 1262 amigos no facebook!

Todos esses serão verdadeiros amigos?

Eu queria hoje chamar a atenção de todas para a grande responsabilidade que nós temos 

de defender o tesouro da amizade, porque no nosso mundo, materialista, superficial, frio e 

individualista esse valor se está perdendo.

Pensando nas palavras do Papa, podemos encontrar alguns sinais da verdadeira 

amizade. Vejamos.

Primeiramente, as grandes amizades são como uma conquista: conseguir uma amizade 

verdadeira exige esforço, tempo. 

Custa para fazer uma amizade, mas depois, o amigo verdadeiro não nos abandona 

nunca.  

As amizades que se rompem com facilidade não são autênticas.

Em segundo lugar, a amizade permite compartilhar sentimentos. Diante de um amigo 

se pensa alto, pois é uma pessoa com quem podemos falar dos nossos sentimentos e 

convicções mais interiores.

Alguém falava da fórmula matemática da amizade: quando há amizade verdadeira as 

alegrias se somam e os problemas se dividem. 

Saint Exupery ressalta outro sinal da amizade em seu livro “O pequeno príncipe”: somos 

responsáveis por aqueles que cativamos.

Desinteressado: a amizade não pode ser interesseira. 

Querer o bem da pessoa: procurar ajudá-la sabendo sacrificar o interesse pessoal. 

Querer as pessoas tal como são, com os seus defeitos. Não existe nenhuma pessoa 

perfeita. Vencer diferenças de temperamento. 

Por último, um conselho exigente do Livro dos Provérbios ressalta outra característica da 

amizade: “Melhor é a correção manifesta do que uma amizade fingida”,

Corrigir quando necessário. Uma conversa clara, aberta, exigente. 

Ver a alegria do Papa Francisco, a sua atenção, o seu sorriso, serve de estímulo para 

todos nós aprendermos a cultivar verdadeiras amizades.

 

 Dom Carlos Lema Garcia