NO SERVIÇO AOS IRMÃOS, O TESTEMUNHO DA FÉ

Nos evangelhos encontramos, como que numa síntese, no que consiste o testemunho cristão: Adesão e fidelidade a Cristo, que resultam em frutos de amor e misericórdia (Jo 15, 4s). Neste longo tempo de pandemia do Novo Coronavirus muitos de nós vivemos como que perdidos, inseguros, com medo, temendo o contágio com o vírus da Covid 19. Mas foi neste tempo difícil que mulheres e homens, temendo ou não o contágio, em meio a mortes, perdas e luto, impelidos pelo amor a Cristo e ao próximo saíram pelas ruas de São Paulo e investiram seus talentos (Cf Mt 25, 14-30)  na acolhida, no trabalhoe no amor a uma multidão de sofredores desta grande cidade. Populações de rua, migrantes, refugiados, mulheres marginalizadas e tantos outros grupos minoritários foram destinatários de um amor que salva. A fé é isso, é viver sem medo, como missionário do amor, indo ao encontro de quem mais precisa, independentemente da sua raça, classe social ou religião. A triste realidade deste novo coronavírus, que nesta pandemia infectou milhões de pessoas e ceifou muitos milhares de vidas, exigiu e exigirá da sociedade, dos cristãos e cristãs uma nova postura de maior amor a Deus e ao próximo, sem medo ou preconceitos. Não ter medo significa ter consciência dos problemas, doenças, injustiças, morte, etc., com confiança na confortante certeza da presença de Deus ente nós: “Eu estarei convosco todos os dias, até os confins do mundo” (Cf Mt 28, 20). Desta forma o testemunho cristão se faz  missão, frutifica em bondade, amor e doação. Traduz-se na vivência das Bem Aventuranças: “Eu tive fome, e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber. Era forasteiro e me recolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes”.  Se faz presente no concreto da vida das pessoas: fome, sede, nudez, doença, prisão, migração, falta de moradia e tantas outras realidades que requer nossa atenção e solidariedade. No irmão e irmã que sofre é Deus que sofre, no irmão e irmã injustiçados, é Cristo que é injustiçado. Não termos medo de investirmos os talentos recebidos e por termos  optado por Cristo e pelo seu evangelho. Viver a alegria de termos escolhido a vida escondida em Cristo Ressuscitado, que é vida e salvação para todo aquele que crê n’Ele e na sua Palavra que diz:  “No mundo tereis tribulação, mas coragem, Eu venci o mundo. Comigo você também vencerá” (Cf. Jo 16, 33). As pandemias, sejam as do novo coronavirus, da indiferença, da ganância, da miséria e tantas outras, não as venceremos sozinhos, mas colocando nossos dons em comum e a serviço do bem. Que os responsáveis políticos, sobretudo os que foram eleitos neste ano de pandemia, que saibam promover políticas públicas em favor da vida e a dignidade de todos. Que saibam cuidar das populações, sobretudo das mais vulneráveis, com verdadeiro amor e respeito.

 Dom Eduardo Vieira dos Santos

Bispo Auxiliar de São Paulo