Mater Misericordiae (Maria, Mãe de Misericórdia)

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18/05/2016 - 16:00

O mês de maio na Igreja é dedicado à Virgem Maria, mãe de Deus e nossa mãe. Gostaríamos de apresentar uma breve reflexão sobre Maria, que nos conduza à contemplação e à oração.

É inegável que a devoção à Maria é demonstrada em todo o mundo pelos santuários, igrejas, capelas e comunidades dedicadas à Santíssima Virgem. Isso vem demonstrar o grande amor e carinho que muitos cristãos têm para com a Mãe de Deus. A devoção a Maria não é uma prerrogativa dos católicos, está fortemente presente também entre os ortodoxos e em algumas igrejas luteranas.

Nós sabemos que o amor a Maria é muito grande e isso é perfeitamente justificado pelo número de títulos que Maria recebe na Igreja. Poderíamos, grosso modo, inventariar “os títulos” concedidos a Maria, dividindo-os em três categorias. Primeiramente, encontramos os títulos que provêm dos quatro dogmas marianos que na liturgia dão lugar às solenidades. Os dogmas da Maternidade e da Virgindade (comum à Igreja do Ocidente e do Oriente) e os dogmas da Imaculada Conceição e da Assunção de Maria, que além dos dois primeiros estão presentes na Igreja do Ocidente.

Maternidade e Virgindade são dois aspectos de um mesmo mistério: a Maternidade de Maria Santíssima. A Virgindade ressalta a Maternidade. Por sua vez, o dogma da Imaculada faz referência ao começo da vida de Maria e o da Assunção (ao final de sua vida). Além dos títulos que têm sua origem nos dogmas marianos, encontramos outra categoria de títulos que diz respeito a lugares onde Maria Santíssima começou e continua ainda hoje a ser devotamente venerada: Nossa Senhora de Loreto, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora do Monte Líbano, Nossa Senhora de Casaluce, Nossa Senhora de Lourdes, Nossa Senhora da Pompeia, que com o tempo se espalharam pelo mundo. Por fim, uma última categoria de títulos que atribuímos à Santa Mãe de Deus, que diz respeito às nossas necessidades: Nossa Senhora das Angústias, Nossa Senhora dos Remédios, Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Nossa Senhora da Saúde. Poderíamos acrescentar um número infinito de títulos que evidenciam que Maria Mãe de Jesus e Nossa exerce o papel de intercessora junto a seu Filho Jesus, vindo ao encontro das nossas necessidades. Maria é mãe da misericórdia, porque gerou a misericórdia. Jesus dá mostras constantes de amor e compaixão em tudo o que disse e em tudo o que realizou. Jesus é misericordioso com os homens (Hb 4, 15-16); Ele nos revela o rosto do Pai: “Deus que é rico em misericórdia, pelo grande amor com que nos amou, deu-nos a vida juntamente com Cristo, quando estávamos mortos por causa de nossas faltas”. (Ef 2, 4-5); “Bendito seja Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai das misericórdias e o Deus de consolação”. (2Cor 1,3). São muitas as ocasiões que nos fazem ver a misericórdia de Deus encarnada.

Maria é também mãe de misericórdia, porque é a forma como nos dirigimos a Ela. Acima, lembramos nossas necessidades, mas gostaríamos de lembrar a segunda parte da “Ave Maria”, que, segundo Santo Tomás, é a prece da Igreja. Nela se pede que Maria “rogue por nós pecadores, agora e na hora de nossa morte”.

Lembramos também a “Salve Rainha”, em que chamamos “Maria de mãe de misericórdia”. A ela nos dirigimos, clamando e chorando; a ela chamamos de advogada e, por fim, lhe pedimos que seus olhos misericordiosos se voltem para nós e que nos enderece para seu filho Jesus.

Dom Luiz Carlos Dias

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Belém

Artigo publicado no Jornal O SÃO PAULO - Ed. 3109/ 18 a 24 de maio de 2016