O pão que sacia

A A
11/08/2015 - 09:45

No Angelus o Pontífice recordou que Cristo é a resposta à fome de vida do homem

Cristo é o “pão verdadeiro” que sacia a fome de vida e de eternidade do homem. Recordou o Papa Francisco no Angelus de domingo 2 de Agosto na praça de São Pedro, convidando os fiéis a ir além das “preocupações diárias do comer, do vestir, do sucesso, da carreira” para procurar Jesus, “pão vivo que não se corrompe e dura para a vida eterna”.

Amados irmãos e irmãs, bom dia!

Prosseguimos neste domingo a leitura do capítulo seis do Evangelho de João. Depois da multiplicação dos pães, o povo pôs-se à procura de Jesus e finalmente encontra-o junto de Cafarnaum. Ele compreende bem o  motivo de tanto entusiasmo em segui-lo e revela-o com clareza: “Vós me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes” (Jo 6, 26). Na realidade, aquelas pessoas seguem-no pelo pão material que no dia anterior lhes tinha saciado a fome, quando Jesus fizera a multiplicação dos pães; não compreenderam que aquele pão, partido para tantos, para muitos, era a expressão do amor do próprio Jesus. Deram mais valor àquele pão do que ao seu doador. Diante desta cegueira espiritual, Jesus evidencia a necessidade de ir além da doação e descobrir, conhecer o doador. O próprio Deus é o dom e também o doador. E assim daquele pão, daquele gesto, as pessoas podem encontrar Quem o dá, que é Deus. Convida a abrir-se auma perspectiva que não é só das preocupações diárias do comer, do vestir, do sucesso, da carreira. Jesus fala de outro alimento, fala de um alimento que não é corruptível e que é bom procurar e acolher. Ele exorta: “Trabalhai não pelo alimento que perece, mas pelo alimento que permanece até à vida eterna, e que o Filho do homem vos dará” (v. 27). Ou seja, procurai a salvação, o encontro com Deus.

E com estas palavras, quer-nos fazer compreender que, além da fome física o homem tem em si outra fome - todos nós temos esta fome - uma fome mais importante, que não pode ser saciada com um alimento qualquer. Trata-se da fome de vida, da fome de eternidade que só Ele pode satisfazer, porque é “o pão da vida” (v. 35). Jesus não elimina a preocupação nem a busca do alimento diário, não, não elimina a preocupação de tudo o que pode tornar a vida mais progredida. Mas Jesus recorda-nos que o verdadeiro significado da nossa existência terrena consiste no fim, na eternidade, consiste no encontro com Ele, que é dom e doador, e recorda-nos também que a história humana com os seus sofrimentos e as suas alegrias deve ser considerada num horizonte de eternidade, ou seja, no horizonte do encontro definitivo com Ele. E este encontro ilumina todos os dias da nossa vida. Se pensarmos neste encontro, neste grande dom, os pequenos dons da vida, também os sofrimentos, as preocupações serão iluminadas pela esperança deste encontro. “Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (v. 35). E esta é uma referência à Eucaristia, o maior dom que sacia a alma e o corpo. Encontrar e acolher Jesus, “pão de vida”, em nós, confere significado e dá esperança ao caminho muitas vezes sinuoso da vida. Mas este “pão de vida” é-nos dado com uma tarefa, ou seja, para que possamos por nossa vez saciar a fome espiritual e material dos irmãos, anunciando o Evangelho por toda a parte. Com o testemunho da nossa atitude fraterna e solidária para com o próximo, tornamos Cristo e o seu amor presentes no meio dos homens.

A Virgem Santa nos ampare na busca e no seguimento do seu Filho Jesus, o pão verdadeiro, o pão vivo que não se corrompe e dura eternamente.

Fonte: Edição nº 32-33 do Jornal L’OSSERVATORE ROMANO – página 3