Palavra e pão para a vida eterna

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09/06/2015 - 10:45

Dia 13 de junho, celebramos a Festa de Santo Antônio. Trata-se de uma das devoções mais populares no Brasil e em numerosos outros países. Contemporâneo de São Francisco de Assis, Fernando (nome de berço) nasceu em Lisboa, em Portugal, em agosto de ll95, c faleceu em Pádua, na Itália, precisamente em 13 de junho de 1231.

Doutor da Igreja, na virada do século XII para o século XIII, tornou-se popularmente conhecido como o santo da palavra e do pão. Palavra de Deus, que anima, conforta e revigora os que andam cansados e abatidos pelas estradas do êxodo; “pão nosso de cada dia”, que representa o direito inalienável a uma vida justa, condizente com a dignidade humana.

Mais do que isso, porém, Santo Antônio, por meio de sua vida, obra e pregação, foi capaz de fazer da palavra e do pão verdadeiros alimentos para a vida eterna. Além de levar pão aos famintos, alegria aos tristes e paz aos atormentados, soube orientá-los a “ajuntar riquezas no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não assaltam nem roubam” (Mt 6,20).

Da mesma forma que outras Igrejas particulares, a Arquidiocese de São Paulo possui várias paróquias, comunidades e capelas dedicadas a Santo Antônio. Uma delas, localizada na praça Patriarca, em pleno coração da metrópole. No dia 13 de junho, receberá dezenas de milhares de fiéis, desde as primeiras horas do dia até a noite.

O que busca essa imensa multidão anônima? O pão, o lírio, uma palavra, a benção, a celebração eucarística... Mas não é só isso! Na vida agitada e febril em que vivem, na correria do dia a dia, na sede constante e frenética de novidades - cada pessoa busca, em primeiro lugar, uma parada, um pouco de silêncio e paz, de quietude e repouso. Busca a reconciliação consigo mesmo, com os outros e com Deus. Busca um ponto de apoio numa sociedade privada de referências. Um ponto, por mais frágil que seja, a partir do qual recomeçar o sentido da própria vida.

O testemunho de Santo Antônio, bem como de outros santos e santas ao longo da história, constitui exatamente esse ponto inicial que orienta os homens e mulheres para Jesus Cristo, “caminho, verdade e vida” (]o 14.6). Quanta gente órfã, solitária e perdida em meio às turbulências imprevistas da vida urbana! Pessoas que procuram um raio de luz, uma palavra de alívio, um pedaço de pão, um toque amigo, um olhar compreensivo, um abraço, um encontro... Uma rocha firme. Onde firmar os pés e dar o primeiro passo, retomando o caminho em direção a um novo horizonte.

Pe. Alfredo José Gonçalves, CS

Fonte: Edição nº 3054 do Jornal O SÃO PAULO – página 05