Na lógica do amor acolhedor (Papa Francisco)

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13/08/2019 - 11:30

Na lógica do amor acolhedor

 O Espírito Santo «educa-nos dia após dia para a lógica do Evangelho, a lógica do amor acolhedor», recordou o Papa Francisco durante a recitação do Regina caeli de domingo, 26 de maio, na praça de São Pedro, comentando o trecho evangélico de João (14, 23-29), que cita o discurso dirigido por Jesus aos Apóstolos na última Ceia.

A seguir, a meditação do Santo Padre.

Prezados irmãos e irmãs, bom dia

O Evangelho deste 6º Domingo de Páscoa apresenta-nos um trecho do discurso que Jesus dirigiu aos Apóstolos na última Ceia (cf. Jo 14, 23-29). Ele fala da obra do Espírito Santo e faz uma promessa: «O Paráclito, o Espírito Santo que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse» (v. 26). Enquanto se aproxima o momento da Cruz, Jesus garante aos Apóstolos que não permanecerão sozinhos: com eles estará sempre o Espírito Santo, o Paráclito, que os apoiará na missão de levar o Evangelho ao mundo inteiro. Na língua original grega, o termo “Paráclito” significa Aquele que se põe ao lado, para apoiar e consolar. Jesus volta ao Pai, mas continua a instruir e a animar os seus discípulos mediante a ação do Espírito Santo

No que consiste a missão do Espírito Santo, que Jesus promete como dom? É Ele mesmo quem o diz: «Ele ensinar-vos-á tudo, e há de recordar-vos tudo o que Eu vos disse». Durante a sua vida terrena, Jesus já transmitiu tudo o que queria confiar aos Apóstolos: levou a cumprimento a Revelação divina, ou seja, tudo o que o Pai queria dizer à humanidade com a Encarnação do Filho. A tarefa do Espírito Santo consiste em fazer recordar, isto é, fazer compreender plenamente e levar a praticar de maneira concreta os ensinamentos de Jesus. É precisamente esta também a missão da Igreja, que a realiza através de um estilo de vida específico, caracterizado por algumas exigências: a fé no Senhor e a observância da sua Palavra; a docilidade à ação do Espírito, que torna continuamente vivo e presente o Senhor Ressuscitado; o acolhimento da sua paz e o testemunho a ela dado com uma atitude de abertura e de encontro com o outro.

Para realizar tudo isto, a Igreja não pode permanecer estática, mas com a participação ativa de cada batizado, é chamada a agir como uma comunidade a caminho, animada e sustentada pela luz e pela força do Espírito Santo que renova todas as coisas. Trata-se de se libertar dos vínculos mundanos, representados pelos nossos pontos de vista, pelas nossas estratégias, pelos nossos objetivos, que muitas vezes dificultam o caminho de fé, e de nos pormos em dócil escuta da Palavra do Senhor. Deste modo, é o Espírito de Deus quem nos guia e orienta a Igreja, a fim de que ela faça resplandecer o autêntico rosto, bonito e luminoso, desejado por Cristo.

Hoje o Senhor convida-nos a abrir o coração ao dom do Espírito Santo, para que nos guie pelas sendas da história. Ele educa-nos dia após dia para a lógica do Evangelho, a lógica do amor acolhedor, “ensinando-nos todas as coisas” e “recordando-nos tudo o que o Senhor nos disse”. Maria, que neste mês de maio veneramos e oramos com devoção especial como nossa Mãe celeste, proteja sempre a Igreja e a humanidade inteira. Ela que, com fé humilde e corajosa, cooperou plenamente com o Espírito Santo para a Encarnação do Filho de Deus, nos ajude também a nós, a deixar-nos educar e guiar pelo Paráclito, a fim de podermos acolher a Palavra de Deus e de a testemunhar com a nossa vida.

Papa Francisco

(Fonte: Edição 022, do jornal “L’osservatore Romano”, de 28 de maio de 2019, p. 16).