Confiança em Deus!

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20/06/2018 - 10:45

Na sua Exortação Apostólica, Laudate et Exultate, o Papa Francisco nos exorta que os cristãos são chamados à santidade. Santidade como vocação primeira de toda pessoa, tanto no modo de crer, de viver e de testemunhar a fé. Vivemos num mundo descrente e cheio de contradições. 

Ao mesmo tempo que as sociedades alcançam patamares de desenvolvimento jamais vistos, tanto mais carecem de Deus, ainda que não o reconheçam nem o professem como num ato de fé. A história do povo de Deus, narrada nas escrituras, nos relatam diversas experiências, como a fé de Abraão em Deus, que deixou tudo - bens materiais, cultura, tradição etc. - para seguir o chamado do Senhor : “Sai da tua terra, do meio dos teus parentes, da tua casa e vai…” (Gn12,1-2). 

O chamado à santidade se dá no amor de Deus por nós, apesar de nossas faltas. Ele produz frutos na medida de nossas respostas, abertas e sinceras a esse amor. Assim como a maternidade da Virgem Maria se deu graças à ação de Deus em sua vida e da sua fé n’Ele e nas suas promessas : “Bem aventurada aquela que acreditou…” (Lc 1,45-46), também acontece com todo aquele que crê e confia em Deus. O Apóstolo Paulo, diante das tantas tribulações, afirma com convicção: “Eu sei em quem acreditei” (Gl 2,20), e ainda “Se com ele sofremos, também com ele reinaremos…” (2Tm 2,12). Para Paulo, acreditar em Jesus Cristo como filho de Deus é coisa inegociável. Ele nos ensina que “toda escritura é dada por inspiração de Deus, proveitosa para doutrinar, para repreender, para corrigir e para instruir na justiça, para que toda pessoa seja perfeita e perfeitamente preparada para toda boa ação, para toda obra de Deus” (2Tm 3, 1617).

Acreditar em Deus é fazer as mesmas coisas que Jesus fez e fazer coisas maiores ainda, como Ele nos disse : “Eu tive fome e me destes de comer, eu tive sede e me destes de beber, eu era forasteiro e me acolhestes, eu estava nu e me vestistes, eu estava doente e viestes me visitar, eu estava na prisão e fostes me ver…” (Cf. Mt 25, 35-36s e Jo 14,12). Em tempos de fome, de miséria, de intolerâncias, de violências, de indiferenças, de mortes e injustiças, não é simples crer em Deus, confiar nas suas promessas e, obediente, seguir sendo fiel aos seus mandamentos, perseverante e confiante na sua presença e atuação entre nós. 

Contudo, são nas palavras do evangelista São João que, à semelhança de Pedro, encontramos a nossa resposta : “A quem iremos Senhor? Só Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,60-69). Como nas parábolas da Semente e do Grão de Mostarda (Mc 4, 26-34), que de modo simples revelam a naturalidade e o dinamismo do Reino de Deus acontecendo na vida de Jesus e também de nossas  comunidades, não podemos perder a esperança e nem a confiança. Somos cristãos, somos leigos, animados por nossos pastores e, a exemplo de Jesus, enviados para semear diariamente no mundo as minúsculas sementes da paz, do amor e do perdão, confiantes no seu crescimento e nos seus frutos, ainda que imperceptíveis, pois os frutos de qualquer semente não dependem de quem a semeou, mas tão somente da graça de Deus.  Assim como é o reino de Deus, reino de fraternidade, de justiça e de amor, que independe de nós, mas tão somente da graça de Deus. Entretanto, Deus conta conosco. Sigamos confiantes em Deus, em sua Palavra, semeando o seu amor.

 

Dom Eduardo Vieira dos Santos
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo