Alguns fundamentos e conteúdos teologais da sinodalidade da Igreja!

A A
10/07/2019 - 15:15

Alguns fundamentos e conteúdos teologais da sinodalidade da Igreja!

O caminho sinodal da Arquidiocese de São Paulo até aqui percorrido está, cada vez mais, envolvendo o povo de Deus em São Paulo e aprofundando a sua consciência eclesiológica de comunhão e participação, em vista de um renovado ardor missionário para a evangelização da cidade no meio da cultura urbana.

Daí a importância de refletirmos sobre os fundamentos e conteúdos teologais da sinodalidade da Igreja, à luz da eclesiologia do Concílio Vaticano II, para que compreendamos que a sinodalidade não designa um simples procedimento operativo, mas a forma peculiar na qual a Igreja vive e realiza a sua missão evangelizadora.

Aqui, temos de esclarecer bem os seguintes pontos: 

1) A assembleia do primeiro sínodo arquidiocesano, que será celebrada em 2020 e que está sendo preparada desde 2018 (assembleias paroquiais do sínodo, pesquisa e levantamentos paroquiais e assembleias do sínodo nas regiões episcopais e vicariatos ambientais), é o acontecimento eclesial que levará a encontrar caminhos para uma “renovada pastoral evangelizadora missionária” da Igreja na cidade e que implicará, sim, a realização de decisões para que a Igreja em São Paulo tudo faça com grande ardor missionário. 

2) Por outro lado, o sínodo arquidiocesano, ao congregar todo o povo de Deus em São Paulo, para exortá-lo a fazer um “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária”, faz entender que a sinodalidade não se restringe apenas a um acontecimento eclesial, mas é “dimensão constitutiva da Igreja”. Nesse sentido, a sinodalidade designa, antes de tudo, o estilo peculiar que qualifica a vida e a missão da Igreja, exprimindo a sua natureza como o caminhar juntos e o reunir-se em assembleia do povo de Deus, convocado pelo Senhor Jesus, na força do Espírito Santo, para anunciar o Evangelho. A sinodalidade deve exprimir-se no modo do dia a dia de viver e operar da Igreja. Tal modo de vida e missão da Igreja se realiza por meio da escuta comunitária da Palavra e da celebração eucarística, da fraternidade, da comunhão e da corresponsabilidade e participação de todo o povo de Deus, nos seus vários níveis, carismas e na distinção dos diversos ministérios e funções, na sua vida e na sua missão.

3) A sinodalidade, por fim, implica um contínuo caminho de discernimento, por parte da Igreja particular (Arquidiocese) e da Igreja universal, e de reflexão de questões particulares importantes num determinado momento, para a tomada de decisões e orientações, a fim de cumprir a sua missão evangelizadora. Daí a convocação de um sínodo no âmbito da Arquidiocese.
Assim, a Arquidiocese de São Paulo é interpelada a realizar o seu primeiro sínodo a fim de avaliar o seu caminho pastoral missionário, refletir sobre a realidade da cidade em todas as suas dimensões e tomar decisões de vida em comunhão, conversão e renovação missionária. É interpelada, também, a viver intensamente a sinodalidade, que é a dimensão própria da Igreja, ou seja, ser viva comunidade de fé que tem como prática a “fração do pão” (Eucaristia), a comunhão fraterna, a fidelidade aos ensinamentos dos apóstolos, a intensa caridade e o vigor missionário de anunciar o Evangelho de Cristo.

Busquemos estudar os pontos que acabamos de expor neste artigo e refletir a seu respeito.

Padre José Arnaldo Juliano dos Santos - Teólogo-Perito do Sínodo Arquidiocesano