A Igreja em São Paulo, seu sínodo e a cultura contemporânea urbana!

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12/02/2020 - 13:15

A Igreja em São Paulo, seu sínodo e a cultura contemporânea urbana!

No próximo dia 29 de fevereiro serão abertos os trabalhos do terceiro ano do sínodo arquidiocesano, com a realização da assembleia sinodal arquidiocesana. O nosso arcebispo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, já explica que, ao longo deste terceiro ano do sínodo, serão dados diversos passos para chegar a um conjunto consistente de propostas do sínodo arquidiocesano, pois, após o seu encerramento, terá início a etapa pós-sinodal, para a aplicação das propostas elaboradas pela assembleia sinodal. Assim sendo, isso poderá levar à revisão dos planos pastorais e a assumir prioridades e práticas pastorais novas que respondam adequadamente às propostas sinodais assumidas. Poderá requerer, também, a revisão de diretrizes pastorais e até mesmo da atual estrutura e organização pastoral da Arquidiocese no seu conjunto. Mais importante que tudo será o esforço para superar certo cansaço e a falta de vitalidade missionária e para mudar certa cultura pastoral, voltada “para dentro” da própria Igreja e ocupada, sobretudo, com a “pastoral de conservação”. O objetivo é que a Igreja em São Paulo se torne mais e melhor uma “Igreja em saída”, “em estado permanente de missão”, uma Igreja com novas atitudes e práticas missionárias (cf. Cardeal Odilo Pedro Scherer, Terceiro ano do sínodo: o que devemos fazer? – Folheto litúrgico “Povo de Deus”, ano 44, nº 10, 23/02/2020, p. 4) Diante dessa explicação, temos o objetivo da assembleia sinodal arquidiocesana e o desdobramento de suas decisões na etapa pós-sinodal. Nesse sentido, aumenta mais ainda a nossa responsabilidade em focar a nossa atenção sobre “o que devemos levar em conta” para que, sob o auxílio do Espírito Santo, a assembleia sinodal arquidiocesana elabore um conjunto consistente de propostas que levem a Igreja em São Paulo a assumir a sua missão de evangelizar a cidade. Nesse foco, o elemento que não podemos deixar de contemplar é a “cultura contemporânea urbana”, da qual a nossa cidade de São Paulo é uma das maiores expressões na América Latina. Assim, consideremos que, ao ser formulado um princípio ao redor do qual gira nossa sociedade contemporânea, podemos dizer que é a “Mudança”: vemos como a sociedade, as instituições, as pessoas mudam e como devem aprender a reconhecer essa transformação permanente, para “mudar” com a “mudança”, adaptando-se aos diversos aspectos da vida, em sua complexa articulação de realidades sociais, culturais, econômicas, políticas, mantendo os aspectos fundamentais da verdade e do bem que são sua essência imutável. Neste contexto é que os grandes conflitos aparecem: de um lado, tudo “muda”, de outro, a verdade de Deus (do bem, do amor) e a verdade do próprio ser humano, permanecem sempre imutáveis. A “mudança” interroga fortemente a verdade e nos leva muitas vezes a colocar em dúvida pontos essenciais de nossa vida cristã, exigindo “repensar” a mensagem de Jesus, que é válida para todos os tempos, para todos os seres humanos e é Verdade Eterna, mas que deve ser apresentada de modo que possa ser pregada ao ser humano de hoje, sendo a mesma mensagem, mas em condições de responder às suas perguntas essenciais. O que devemos fazer para que atendamos a este “sinal do tempo” que o Espírito Santo nos indica no momento?

Padre José Arnaldo Juliano dos Santos – Teólogo-Perito do Sínodo Arquidiocesano