Igreja, casa de iniciação à vida cristã - Dom Tarcísio Scaramussa, SDB

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A Igreja de São Paulo prioriza, neste ano de 2014, a urgência da iniciação à vida cristã
Publicado em: 03/03/2014 - 09:45
Créditos: Região Sé

A Igreja de São Paulo prioriza, neste ano de 2014, a urgência da iniciação à vida cristã. Por que foi feita esta escolha no 11º Plano de Pastoral e o que precisamos fazer?

A forma de pastoral que predominou até os nossos dias está se revelando insuficiente, e parece não corresponder às necessidades da formação de discípulos missionários em nosso tempo.

O documento de Aparecida indica algumas carências desse modelo, e ao mesmo tempo aponta a direção para uma nova prática pastoral: “Uma fé católica reduzida a conhecimento, a um elenco de algumas normas e de proibições, a práticas de devoção fragmentadas, a adesões seletivas e parciais das verdades da fé, a uma participação ocasional em alguns sacramentos, à repetição de princípios doutrinais, a moralismos brandos ou crispados que não convertem a vida dos batizados, não resistiria aos embates do tempo. Nossa maior ameaça é o medíocre pragmatismo da vida cotidiana da Igreja na qual, aparentemente, tudo procede com normalidade, mas na verdade a fé vai se desgastando e degenerando em mesquinhez. A todos nos toca recomeçar a partir de Cristo, reconhecendo que não se começa a ser cristão por uma decisão ética ou uma grande idéia, mas pelo encontro com um acontecimento, com uma Pessoa, que dá um novo horizonte à vida e, com isso, uma orientação decisiva” (DAp 12).

Esta análise bem crítica de Aparecida revela que é necessário acontecer mudanças profundas em nossa pastoral. Os cursinhos preparatórios para sacramentos, por exemplo, que surgiram como uma forma de atualização, se revelam insuficientes para responder à nova realidade da vivência da fé! Por isso, a Igreja se empenha em uma nova evangelização!

Este ano, de modo especial, vamos retomar o que já tem sido objeto de nossa atenção em anos anteriores, mas muito circunstanciado à catequese. Para que a Igreja seja realmente uma “casa de iniciação à vida cristã”, é necessário que todos assumam esta missão como algo que o Senhor nos confia pessoalmente. Nosso plano de ação fala de “Testemunhar Jesus Cristo na cidade”, como tarefa pessoal e comunitária.

Créditos: CNBB

Todos devemos nos empenhar no anúncio do querigma e na iniciação à vida cristã de nossos irmãos. Para que isto aconteça, é necessário que nossas comunidades eclesiais sejam testemunho vivo de Cristo, e que renovemos nossa catequese de forma consistente, inspirando-nos na iniciação catecumenal das primeiras comunidades cristãs. Esta catequese deve falar ao coração das pessoas, e privilegiar os seguintes passos: conversão, discipulado, comunhão e missão, como nos aponta o documento de Aparecida.

Nesta linha devem estar todas as iniciativas pastorais de formação, como a catequese de crianças, jovens e adultos, a pastoral do batismo de adultos segundo o RICA (Ritual de Iniciação Cristã dos Adultos), a pastoral do matrimônio, a liturgia, as escolas da Palavra, as escolas da fé, as escolas de ministros e cursos de teologia para leigos, e, de alguma forma, todas as pastorais, para que tenham como eixo principal a formação de discípulos-missionários.

A iniciação à vida cristã não é, portanto, uma tarefa apenas da catequese e de catequistas, mas é uma ação de toda a comunidade de fé.

A exortação apostólica do papa Francisco, “A Alegria do Evangelho”, escrita após o Sínodo da Nova Evangelização, traz novas luzes para realizar a tarefa da urgência pastoral de tornar a Igreja uma casa de iniciação à vida cristã, ao mesmo tempo que estimula e anima para um renovado ardor pastoral, dando indicações sobre a amplitude desta ação da Igreja e, ao mesmo tempo, das motivações que sustentam a missão dos evangelizadores.

Dom Tarcísio Scaramussa, SDB
Bispo Auxiliar de São Paulo
Vigário Episcopal da Região Sé

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