Cardeal Scherer aos padres: ‘Somos chamados à santidade todos os dias’

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Na missa do Crisma, Arcebispo de São Paulo pede ao povo que valorize e colabore com o ministério dos sacerdotes
Publicado em: 20/04/2017 - 11:30
Créditos: Fonte: Edição 3147, do Jornal O SÃO PAULO, de 19 a 25 de abril de 2017, p. 11.

Na manhã da Quinta-feira Santa, 13, o clero atuante na Região Episcopal Sé se reuniu com o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, na Catedral Metropolitana para a Missa do Crisma. A celebração foi concelebrada pelo arcebispo emérito, Cardeal Cláudio Hummes, e bispos auxiliares da Arquidiocese.

A Missa do Crisma é assim chamada porque nesta celebração são abençoados os óleos usados nos sacramentos do Batismo e Unção dos Enfermos e é consagrado o óleo do Crisma, utilizado nos sacramentos do Batismo, Confirmação, nas ordenações sacerdotais e episcopais, além das dedicações de altares e templos.

Também nessa celebração, os padres renovam as promessas sacerdotais diante do Arcebispo, em recordação da instituição do sacerdócio ministerial. Neste ano, as demais regiões episcopais, Belém, Brasilândia, Lapa, Ipiranga e Santana celebraram essa missa na noite da quarta-feira, 12.

 

Povo sacerdotal

Na homilia, Dom Odilo destacou que os ministros ordenados existem para servirem ao povo de Deus e para ajuda-lo a viver o testemunho batismal.

O Cardeal explicou que pelo Batismo os cristãos constituem um “povo sacerdotal”, ungido para testemunhar ao mundo as grandes obras de Deus e para ele oferecer todos os dias a própria vida como “hóstias santas e agradáveis a Deus”.

 

Jesus: único e eterno sacerdote

O Arcebispo também ressaltou que na Igreja existe um único sacerdote, Jesus Cristo, umo e eterno pontífice entre Deus e os homens. Mas recordou que Jesus quis que seu sacerdócio se perpetuasse sacramentalmente no mundo de forma perceptível e visível

por meio dos seus ministros. “É em função de seu sacerdócio que nós existimos, para o louvor, glória de Deus e para o serviço aos homens e à Igreja... Para estender a todos a graça da redenção e da salvação”, disse.

Dirigindo-se aos padres e bispos, Dom Odilo recordou: “Nós não somos sacerdotes autônomos. E se alguém o exerce dessa maneira está equivocado. Somos sacerdotes de Jesus Cristo, nosso sacerdócio está relacionado a Jesus Cristo e à Igreja”. O Cardeal reforçou ainda que é Jesus Cristo quem dá sentido, força,  vigor e fruto ao sacerdócio dos ministros ordenados.

Dom Odilo continuou destacando que, por meio daqueles que Jesus chama, consagra e unge, o Senhor quer continuar a anunciar a Palavra com autoridade e credibilidade, como serviço que Ele presta a todas as pessoas. Também por meio dos sacerdotes, Jesus continua a santificar e congregar seu povo em torno da mesa do altar, assim como quer continuar a exercer sua caridade e misericórdia para com todos enquanto Bom Pastor.

“No sacerdócio ministerial que nos foi dado, queridos sacerdotes, nós recebemos um grande dom e nos perguntamos: ‘o que poderei retribuir ao Senhor Deus por graça tão grande que de nossa parte não merecemos?’”, indagou o Arcebispo, acrescentando que cada sacerdote é levado a retribuir a tão grande dom por meio de um serviço dedicado, generoso, alegre e fiel.

 

Colaboração dos fiéis

Aos fiéis, o Cardeal exortou à valorização do dom sacerdotal na Igreja e a estimarem os sacerdotes, apesar de seus defeitos e limites humanos. “Muitas vezes, pensamos no sacerdote ideal... Mas eu digo que os sacerdotes ideais estarão só no céu. Aqui na Terra, nós temos os sacerdotes humanos, que somos nós e, como as demais pessoas, também temos as nossas fragilidades e necessidades. Somos chamados à santidade todos os dias, mas não somos anjos”.

Por fim, o Arcebispo pediu a oração pelas vocações para que não faltem boas e santas vocações que possam ser bem preparadas.

 

Gratidão do clero

Em nome do clero arquidiocesano, o Cônego Sérgio Conrado saudou o Cardeal Scherer pela Páscoa. “Queremos manifestar a nossa gratidão pelo seu empenho como responsável maior de nossa Igreja, maior no ensinar, santificar e reger a porção do povo de Deus que lhe foi confiada em cooperação com o presbitério e os bispos auxiliares”, disse, recordando os dez anos da posse de Dom Odilo como arcebispo de São Paulo, que serão completados no dia 29.

Cônego Sérgio chamou a atenção à proximidade de Dom Odilo com os padres. E acrescentou que a humanização do pastoreio do Arcebispo tem trazido muitas graças, benefícios, e consequências positivas para a pastoral e para a vivencia presbiteral. “Que o Senhor ressuscitado lhe conceda as melhores bênçãos pascais para que o senhor possa ser cada vez mais um pastor conforme o coração do pastor Jesus Cristo.”

 

Monsenhores: reconhecimento pelo serviço à Igreja

No final da Missa do Crisma, o Cardeal Odilo Scherer entregou ao Cônego José Mayer Paine, pároco da Paróquia Santa Generosa, no Paraíso, e ao Padre Antonio Fusari, vigário paroquial da Paróquia Santa Margarida Maria, na Vila Mariana, o título de monsenhor capelão de Sua Santidade, conferido pelo Papa Francisco em reconhecimento pelos serviços por eles prestados à Igreja.

Aos 96 anos, Monsenhor José Paine manifestou gratidão pela homenagem e resumiu os seus 70 anos de vida sacerdotal com o versículo “Cantarei eternamente as maravilhas do Senhor” (Sl 9). “Depois de ter-me Deus mostrado as maravilhas de sua Igreja neste mundo, só me resta deslumbrar as maravilhas de sua Igreja triunfante. Nas mãos de Nossa Senhora, Mãe da Igreja, e dos corações dos nossos irmãos, depositamos nosso eterno canto de agradecimento ao Santo Padre, o Papa Francisco, e ao nosso querido senhor Cardeal Dom Odilo”, afirmou.

Conhecido por seu dom de cantor, Monsenhor Antonio Fusari, 89, agradeceu a homenagem cantando uma canção italiana e uma versão da Ave-Maria de Schubert. Compartilhou sua alegria com todos os padres e agradeceu a todos aqueles que o ajudaram a crescer na vida sacerdotal, especialmente aos seus pais, Pietro e Francesca.

Fernando Geronazzo