Os freis que tiveram a alegria de conviver com São Francisco de Assis contaram que o Santo tinha uma devoção e carinho especial ao Menino Jesus. Ele “beijava com muita ternura a imagem do Menino Jesus e balbuciava doces palavras como uma criancinha. Para ele, esse nome era com um favo de mel na boca” (São Francisco de Assis, TC, II, nº 200).

São Francisco beijava com ternura a imagem do Menino Jesus porque o Natal não era a comemoração de um fato do passado, como uma simples festa de aniversário, mas no mistério do Natal ele contemplava a realização da profecia: “Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado, ele recebeu o poder sobre seus ombros, e lhe foi dado este nome: conselheiro maravilhoso, Deus forte, Pai para sempre, Príncipe da paz...” (Cf. Is 9,5).

O Santo balbuciava doces palavras diante da imagem do Menino Jesus porque a graça do Natal não se desfez naquela Noite Santa: aquele Menino, que brotou como o melhor fruto do seio da jovem mãe, Maria de Nazaré, quando adulto mostrou o rosto misericordioso de Pai, proclamando o Reino de Deus e convidando os pecadores à conversão; depois, por misericórdia e para nos resgatar da morte, Ele morreu na Cruz e ensinou o que Deus é capaz de fazer para nos salvar; por fim, Ele está vivo, ressuscitou.

São Francisco encontrou no Menino Deus, no presépio, uma síntese de todo o mistério da redenção, a luz que o iluminou e lhe deu esperança no meio de um mundo frio e obscuro, o amor que o sustentou na missão e o fortaleceu para dedicar-se mais a Jesus e aos pobres.

Também nós podemos encontrar no presépio o mistério inaudito de um Deus que se fez homem por nosso amor; também nós podemos reconhecer que aquele pequenino Menino, incapaz de falar, é a Palavra do Pai, Aquele que possui a resposta capaz de satisfazer todo o nosso coração inquieto (cf. São João Paulo II, 02.01.1983). O presépio em nossas casas não é uma simples decoração de Natal. O presépio é um lugar de encontro com Jesus e com nossa família.

Neste tempo do Natal, vamos nos colocar diante do presépio com fé intensa, onde podemos adorar, contemplar, beijar o Menino Jesus. Ele é o sinal concreto do amor e da misericórdia de Deus. Convide a família para permanecer um pouco diante da manjedoura, como fez São Francisco. É o tempo propício de contemplar o Menino Jesus, “a graça de Deus se manifestou para a salvação de todos os homens” (Tt 2,11).

Bom Natal e abençoado Ano Novo!

Dom Sergio de Deus Borges

Bispo auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Artigo publicado no Jornal O SÃO PAULO - Ed. 3082/ 17 de dezembro de 2015 a 5 de janeiro de 2016