Missionários da Misericórdia

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01/07/2016 - 08:00


Missionários da Misericórdia

 

Conta o Santo Evangelho de São Marcos que havia na região dos Gerasenos um homem possuído por um espírito impuro que machucava a si mesmo e aos outros e ninguém conseguia dominá-lo. Este homem foi ao encontro de Jesus que passava por aquela região e foi libertado de todo o mau (Mc 5,1-20). O encontro com o Deus misericordioso mudou toda a sua vida.

Em gratidão pela nova vida, recebida gratuitamente de Jesus, este homem O seguia. É a experiência de ser amado, de saborear a amizade do Senhor e o desejo de corresponder tamanha ternura e bondade. Jesus compreendeu seu coração e suas intenções e lhe deu uma missão:  ‘Vá para tua casa, para os seus, e lhes anuncie tudo o que o Senhor fez para você, e como teve misericórdia de você’ (Mc 5,19).

A possibilidade de encontrar a misericórdia não pode ficar escondida, a misericórdia precisa ser anunciada, conhecida. O Papa Francisco ensina que ‘a missão no coração do povo não é uma parte da minha vida, ou um ornamento que posso pôr de lado; não é um apêndice ou um momento entre tantos outros da minha vida. É algo que não posso arrancar do meu ser, se não me quero destruir.... É preciso considerarmo-nos como que marcados a fogo por esta missão de iluminar, abençoar, vivificar, levantar, curar, libertar” (EG 273).

Assim, o homem de endemoniado, no encontro com a misericórdia e livre, tornou-se missionário da misericórdia. É o princípio fundamental da Palavra na vida do batizado: imitador de Cristo (Ef 5,1), imitador da misericórdia. “Ele partiu e começou a anunciar na Decápolis o quanto Jesus tinha feito por ele. E todos ficavam maravilhados” (Mc 5,20). Ele passou a imitar o Senhor anunciando a mais bela notícia: o Deus misericordioso existe.

Com Jesus ele descobriu que era uma missão nesta terra e para isto foi liberto, para assumir sua mais pura realidade, o mais profundo do seu ser, o encontro consigo mesmo: imagem e semelhança de Deus. “O verdadeiro missionário, que não deixa jamais de ser discípulo, sabe que Jesus caminha com ele, fala com ele, respira com ele, trabalha com ele. Sente Jesus vivo com ele, no meio da tarefa missionária” (EG 266).

Os frutos da missão, em nome de Jesus, são relatados por São Marcos: “E todos ficavam maravilhados” (Mc 5,20). O anúncio corajoso da misericórdia enchia de alegria o coração daqueles que o ouviam e acalenta o nosso coração hoje, porque a misericórdia é uma das maiores necessidades de nosso tempo.

Se lá o Senhor Jesus enviou o homem de Gerara - vá e anuncie que o Senhor teve misericórdia de ti – hoje, nós somos enviados como missionários da misericórdia de Deus.  O chamado dirige-se a nós, pessoalmente ou através da comunidade paroquial, nas pastorais, movimentos e serviços para sermos a voz que anuncia e o sinal transbordante e interpelador da misericórdia de Deus e, assim, “possa chegar o bálsamo da misericórdia como sinal do Reino de Deus já presente no meio de nós” (MV 5).


Dom Sergio de Deus Borges

Bispo Auxiliar de São Paulo

Vigário Episcopal para a Região Santana