Uma alegria que deve ser partilhada...

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18/01/2017 - 13:45

O santo Evangelho proclamado no segundo domingo do tempo comum, no corrente ano, qualifica João Batista como o “apresentador”, a testemunha de Jesus. João está às margens do rio Jordão convidando as pessoas à conversão e batizando todos os que acolhem o convite para uma vida nova.

João era um homem austero e sério, mas, quando vê Jesus chegar, é tomado de uma alegria nova que o leva espontaneamente a apresentar a todos o Cordeiro de Deus que avista de longe. Foi muito grande sua alegria de estar, finalmente, diante daquele que esperava havia anos, desde quando tinha exultado no seio de Isabel (Lc 1,44).

E João não para neste encontro. Seu testemunho continua no dia seguinte, quando exclama outra vez: “Eis o Cordeiro de Deus” (Jo 1,36). A alegria de São João de estar diante do Filho de Deus contagiou seus discípulos, dentre eles, André, que foi o primeiro a decifrar o anúncio, traduzindo-o noutro, ao informar seu irmão, Simão Pedro, sobre o que acontecera: “Encontramos o Messias” (Jo 1,41).

Contemplando o testemunho de São João, devemos voltar para o dia de hoje. Todos os domingos, temos a alegria de estar diante do Filho de Deus, na Santa Missa. São João Paulo II diz: “Quão eloquente é o fato que toda vez que participamos da Santa Missa ouvimos as palavras pronunciadas por João no Jordão – Eis o Cordeiro de Deus –, quando devemos nos aproximar para receber Cristo nos nossos corações com a Comunhão eucarística! ” (cf. Homilia 18.01.1981).

Ver pela fé Jesus na Santa Missa como São João o viu no Jordão nos faz transbordar de alegria e gratidão, e essa alegria é participada por nós sempre e exclusivamente por obra de Jesus Cristo — o Cordeiro de Deus. Essa alegria é fonte de missão, porque nos dá a graça de ver o Senhor e testemunhar o que vimos.

A alegria de João foi missionária, encantou o discípulo que se tornou missionário. O encontro com Jesus gera uma alegria que por si mesma é missionária, porque essa alegria “baseia-se no amor do Pai, na participação no mistério pascal de Jesus Cristo, que, pelo Espírito Santo, faz-nos passar da morte para a vida, da tristeza para a alegria, do absurdo para o sentido profundo da existência, do desalento para a esperança que não engana. Essa alegria não é um sentimento artificialmente provocado nem um estado de ânimo passageiro. O amor do Pai nos foi revelado em Cristo, que nos convida a entrar em seu Reino. Ele nos ensinou a orar dizendo ‘Abba, Pai’ (Rm 8,15; cf. Mt 6,9) ” (DAp. 17).

O ano está apenas começando, e qual será nossa alegria neste ano? Qual será nosso tesouro? Qual será nossa prioridade? “Não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Esse é o melhor serviço – seu serviço! – que a Igreja tem que oferecer às pessoas” (DAp. 14).

Dom Sergio de Deus Borges

Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Santana

Artigo publicado no Jornal O SÃO PAULO - Ed. 3134/ 18 a 24 de janeiro de 2017