Após 60 anos, Pequenas Irmãs de Jesus deixam o Afeganistão

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Depois de sessenta anos de serviço aos afegãos mais pobres, as Pequenas Irmãs de Jesus viram-se obrigadas a deixar o país por falta de vocações. A notícia é do L’Osservatore Romano.
Publicado em: 27/03/2017 - 14:00
Créditos: Redação com Rádio Vatiano

Afegãs entre os afegãos

“As Pequenas Irmãs de Jesus eram afegãs entre os afegãos. Por todos estes anos – contou à Asianews Padre Giuseppe Moretti, por 18 anos capelão em Kabul – nunca deixaram a capital: nem durante a ocupação soviética, nem sob os talibãs e nem mesmo sob os bombardeios”.

Presença silenciosa, longe dos refletores

O fato de estarem próximas aos mais necessitados, “no silêncio”, tocava muito, diz o sacerdote. Mesmo com a chegada da OTAN em 2002, “sempre recusaram, com gentileza, todos os convites para entrevistas. Não somente para não serem visadas ou consideradas espiãs, mas precisamente pelo caminho de sua dedicação e reserva. Muitas mulheres se dirigiam a elas, em busca de apoio, consolação ou força, e suas histórias sempre foram mantidas em segredo”.

Respeitadas pelos talibãs

As irmãs – revelou Padre Moretti – “falavam a língua farsi, viviam como afegãs, dormindo sobre um tapete no chão e usando as vestimentas tradicionais”. Por isto, as irmãs eram muito amadas e estimadas pela comunidade, tanto que nos últimos anos haviam obtido a cidadania afegã. E “brincavam, dizendo que não era verdade de que não existiam mais afegãos cristãos”.

As religiosas eram respeitadas também pelos talibãs. “Em 1993 iam todas as sextas-feiras à capela da embaixada rezar, não obstante estivesse fechada devido à guerra civil. Os talibãs sabiam quem eram, mas sempre as deixaram entrar. Na fachada da capela tem uma cruz bem visível. A sede central da polícia religiosa era bem próxima dali. Eles poderiam ter destruído a capela, mas não o fizeram”.

A experiência das Pequenas irmãs de Jesus terminou em fevereiro passado, com a partida das duas últimas religiosas, Marianne e Catherine. “A delas – conclui o sacerdote – é uma história para a qual devemos olhar”.