Se o Senhor não construir a nossa casa...

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18/07/2018 - 11:30

Diariamente, estamos evolvidos por muitas realidades que dependem da nossa iniciativa, seja no trabalho ou nas coisas da vida pessoal. Entramos numa rotina que leva a pensar que tudo o que acontece é fruto do nosso esforço, da nossa capacidade e, principalmente, da nossa vontade. Estamos concentrados em realizar nossos projetos e ideais e, para isso, fazemos todo esforço necessário. Somos treinados para vencer e superar os desafios, vencendo a concorrência, pois tudo depende nós. 

À primeira vista, essas atitudes não parecem erradas ou perigosas, pois vivemos numa sociedade marcada pela competição entre as pessoas. Para vencer na vida, isto é, conquistar os próprios objetivos, é preciso competir e superar os concorrentes. Nesse caminho se pode contar com as próprias capacidades, com a força de vontade e ter pensamento positivo. Mas será que a força de vontade e a iniciativa humana explicam tudo o que acontece em nossa vida? 

Para uma pessoa religiosa, os acontecimentos da vida não dependem única e exclusivamente da capacidade humana. A pessoa religiosa sabe que “se o Senhor não construir a nossa casa, em vão trabalharão seus construtores!” (Sl 126). Essa consciência religiosa não é ingênua nem simplória, porque o homem religioso sabe que precisa assumir a parte da sua responsabilidade, do seu trabalho, ao mesmo tempo que precisa discernir e confiar na vontade de Deus. 

Confiança é na realidade a palavra chave para compreender todos os acontecimentos da vida, mesmo quando aquilo que acontece não é o que esperamos. Pela fé, estabelece-se uma relação de diálogo entre Deus e o homem, e essa relação é fortalecida na vida de oração. A pessoa que reza apresenta a Deus as suas súplicas, seus pedidos e espera confiante uma resposta. Mas se a resposta não é exatamente como se esperava, a oração sustenta a perseverança e a confiança. 

Assim, as pessoas de fé constroem a sua “casa” e edificam a sua vida. Com a atitude de confiança, elas trabalham, esforçam-se, fazendo tudo que está ao seu alcance e que depende delas. Também com confiança, as pessoas de fé esperam em Deus, depositando Nele suas esperanças e anseios, sabendo que não serão decepcionadas ou enganadas. Quando o rumo dos acontecimentos é adverso, isto é, diferente do que se esperava, a oração alimenta a confiança de quem sabe que todos os acontecimentos estão envolvidos pela graça, pois tudo concorre para o bem daqueles que confiam em Deus.

Dom Devair Araújo da Fonseca
Bispo Auxiliar sa Arquidiocese na Região Brasilândia
e Vigário Episcopal para a Pastoral da Comunicação