Dom Devair: Não perder a esperança é o caminho para superar a violência

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Caminhada pela Paz, com clamor pelo fim da violência, marca o início da Campanha da Fraternidade na Região Brasilândia, no domingo, 18
Publicado em: 21/02/2018 - 16:00
Créditos: Redação e Com informações da jornalista Cleide Barbosa, da Rádio 9 de Julho

Na tarde do domingo, 18, centenas de pessoas atuantes nos seis setores pastorais da Região Brasilândia participaram da abertura regional da Campanha da Fraternidade, com concentração na Paróquia Santo Antônio da Brasilândia.

O evento foi pensando em três momentos, a partir do método “Ver, Julgar e Agir”, proposto pelo texto-base da CF 2018, elaborado pela CNBB.

VER

No rito de acolhida, um painel simbolizou a Região Brasilândia. A cada violência denunciada, uma bola foi atirada no quadro, manchando-o e simbolizando os tipos de violência que atingem a região. A dinâmica terminou com as pessoas de mãos dadas repetindo em alta voz: “A Brasilândia unida contra a violência.”

Segundo o Cônego José Renato Ferreira, Pároco da Paróquia Santo Antônio da Brasilândia, o bairro nasceu a partir daquela igreja. Ele recordou que quando a Região Episcopal foi criada, há 29 anos, a escolha do nome “não foi por amor ao bairro que nós estamos, foi por uma causa, pois falar que pertencia à Brasilândia significava pertencer a um bairro muito violento”.

JULGAR 

Após a leitura da mensagem enviada pelo Papa Francisco para Campanha da Fraternidade 2018, os jovens da Paróquia Santo Antonio apresentaram uma encenação utilizando máscaras, representando o rosto de Cristo sofredor identificado com vários tipos de violências.

Segundo Felipe Valin, 21, que participou da encenação, o principal objetivo foi mostrar que todos que sofrem violência são o próprio Cristo. “Não temos que dar atenção apenas para nosso irmão que está bem. O verdadeiro Cristo também está naquelas pessoas, que, às vezes a gente esquece de olhar”, afirmou em entrevista à rádio 9 de Julho.

CAMINHADA PELA PAZ 

Logo após as reflexões, teve início a Caminhada pela Paz, que durou aproximadamente uma hora. Cada um dos setores pastorais caminhou com uma faixa, denunciando as principais problemáticas quanto à violência na região: assaltos, assassinatos, problemas decorrentes das drogas e a violência familiar. Entre os clamores do povo, destacou-se aquilo que foi chamado de violência pública, como os atrasos nas obras da linha Laranja do Metrô e do Hospital Municipal da Brasilândia.

“A única forma de superarmos a violência é não perdendo a esperança. Diante dos fatos, dos acontecimentos, da morte de tantos jovens, de tantas mulheres, de tantas crianças, a gente se assusta. Isso pode desanimar as pessoas, mas é importante restaurar a esperança, porque se nós não perdermos a esperança, nós podemos transformar o futuro”, afirmou Dom Devair Araújo da Fonseca, Bispo Auxiliar da Arquidiocese na Região Brasilândia, em entrevista.

AGIR

  A caminhada terminou no Centro Educacional e Esportivo Oswaldo Brandão, onde houve a apresentação preparada pelos seis setores pastorais. Cada um destacou os projetos contra a violência e pela cultura da paz que são realizados, como o trabalho de ação das CEBs e a presença católica nos conselhos paritários.

“Aqui diante de nós, foram apresentados muitos motivos, muitos lugares, muitas situações de violência. É o rosto da violência que está presente na nossa região, é o rosto da violência que consome as nossas famílias, os nossos jovens, as mulheres, as crianças, os indígenas e tantas outras situações”, destacou Dom Devair. 

O Coordenador da CF na Região Brasilândia, Padre Luciano Andreol, entregou a cada coordenador de setor pastoral uma bandeira da paz, símbolo do compromisso das comunidades com a construção da paz na Região. Em seguida, houve uma homenagem ao Cardeal Paulo Evaristo Arns (19212016), que dá nome ao setor onde se encontra o Centro Educacional, com lembrança do seu lema episcopal “De esperança em Esperança.”

“Cada um de nós tem uma parte de responsabilidade e de compromisso pela transformação de tudo isso que está à nossa volta. Sabemos que o desafio é grande, sabemos que é necessário muito esforço, mais como cristãos, como homens e mulheres de fé, como pessoas de esperança, nós temos a certeza de que não seremos derrotados”, disse Dom Devair aos fiéis. 

(Com informações da jornalista Cleide Barbosa, da Rádio 9 de Julho)