Vós sois a luz do mundo - Cônego Celso Pedro da Silva

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05/02/2017 - 00:15

Mt 5,13-16

Quando Jesus saiu de Nazaré e foi morar em Cafarnaum, no território de Zabulon e Neftati, o evangelista São Mateus viu a realização de uma profecia de Isaias. O profeta viu uma luz brilhar nas trevas que encobriam o povo que vivia naquela região. Um povo sofrido, esmagado pela opressão das botas dos soldados e do peso dos impostos reencontra a esperança e vê surgirem dias novos, cheios de alegria. Resplandece uma luz para os que habitavam nas sombras da morte.

Jesus entra na história da humanidade pelas portas de Cafarnaum, mas não entra sozinho. Chama logo seus primeiros apóstolos para serem pescadores de gente. Chama seus primeiros apóstolos que formam uma comunidade em contínuo crescimento e se torna com ele a luz que brilha nas trevas da morte. - Vocês serão pescadores de gente, vocês serão a luz do mundo. Brilhe essa luz diante das pessoas para que, vendo o que vocês fazem de bom, glorifiquem o Pai do Céu.

O profeta Isaías traduz para nós em termos práticos o que significa ser luz do mundo e brilhar nas trevas. Nossa luz nasce nas trevas e brilha como a aurora quando, ao encontrar um nu, nós o cobrimos; quando destruímos os instrumentos de opressão; quando deixamos nossos hábitos autoritários e a linguagem maldosa; quando acolhemos de coração aberto o indigente e prestamos socorro ao necessitado.

Como, porém, não deixamos de ser ‘interesseiros’ em tudo o que fazemos, podemos perguntar o que significa para nós, também em termos práticos, brilhar nas trevas. Praticamos as boas obras da justiça e da misericórdia somente para brilhar? Não, diz o profeta, “a tua saúde há de se recuperar mais depressa”, “invocarás o Senhor e ele te atenderá”, “a tua vida obscura será como o meio-dia”. Alguma coisa boa sobra para nós também, além de brilharmos como a aurora, de ver a justiça caminhar diante de nós e, atrás de nós, a glória do Senhor. No entanto, o bom mesmo é fazer tudo de graça somente para a glória de Deus.

As boas obras devem ser feitas e devem ser vistas para o louvor de Deus. Que em tudo o que fazemos e dizemos se manifeste o poder do Espírito. É esta a orientação que Paulo dá aos coríntios. Referindo-se ao modo de falar, à linguagem, às pregações, o que ele diz vale também para as ações. Em tudo o que fazemos e dizemos, anunciamos o mistério de Deus e demonstramos o poder do Espírito, por isso não recorremos ao prestigio da sabedoria humana. Não brilhamos com luz própria. Vestimos os nus e socorremos o indigente, baseados no poder de Deus e não na sabedoria dos homens.