Você também quer ser discípulo deste Homem? - Raul de Amorim

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14/04/2017 - 00:15

(texto de Itacir Brassiani msf. Cebi nacional)

 - Nesta sexta-feira se revela o que de há de mais profundo no ser e de mais belo na essência de Deus. E nela o mistério do mal também atinge sua força mais terrível, a humanização de Deus atinge seu ponto mais luminoso, a entrega do ser humano a Deus se expressa em seu grau máximo.

- Conhecemos as tramas, traições e intrigas que levaram à prisão, condenação, tortura e morte de Jesus. São opções e atitudes que revelam o mistério do mal e sua força nas pessoas e estruturas. Um mal nada abstrato, pois se expressa nos costumes, nas leis, nos sistemas econômicos, nos medos, em todas as formas de ambição.

- Um mal que assume feições de cinismo, como quando as autoridades religiosas, tendo já decidido matar Jesus, não entram no palácio do governador para não se tornarem impuras. As ditaduras criam leis injustas na intenção de que elas lavam suas mãos e tornem livre a consciência que lhes pesa. É nesse ambiente de maldade que faz com que as trevas da noite nos envolva as três horas da tarde.

- Diante dos seus acusadores, Jesus não parece disposto a debater nem se defender. Ele tem consciência de que nasceu e veio ao mundo para tornar palpável e digno o amor fiel a Deus pelas pessoas negadas em sua dignidade. Pilatos manda torturá-lo, transforma-o num deboche de líder e o apresenta ao povo: “Eis o homem!”.

- Ao dizer isso, sem querer, ele diz a verdade, pois a verdadeira humanidade não se mostra naqueles que rasgam constituições, roubam direito ou depredam os biomas.

- Fixemos nosso olhar em Jesus de Nazaré, este personagem que realizou em grau pleno a vocação de todo o ser humano. A criatura humana não nasceu nem vive apenas para sofrer e padecer! Em Jesus descobrimos que a pessoa humana atinge sua plenitude quando não recua diante do chamado a dar a vida, quando não abre mão da solidariedade com as pessoas negadas em sua verdade e em sua dignidade.

- O ser humano maduro não é o “amigo de César”, não é quem age sem autonomia nem liberdade e quem ordena ou cede por medo... O ser humano é maduro e pleno quem, como Jesus, é capaz de se compadecer de quem é mais frágil!

- A pergunta “a quem procurais?” feita a Judas Iscariotes, a tropa de soldados romanos e alguns guardas dos chefes dos sacerdotes e dos fariseus é dirigida por Jesus também a nós: O que esperamos ou buscamos na celebração da Paixão de Jesus? Consolação nos sofrimentos inexplicáveis? Confirmação dos nossos interesses e projetos? O mais coerente é buscar forças para perseverar no seguimento de Jesus, amigo da humanidade.

- Só podem beijar o corpo torturado de Jesus aqueles que estão dispostos a renascer como uma nova família, não mais presa aos lações de sangue ou aos interesses mesquinhos, mas servidora e aberta a todos. Que querem viver e promover a vida.

Deus Pai e Mãe, prostrados e agradecidos diante do supremo gesto de amor do teu Filho, te pedimos: ensina-nos a permitir que Cristo viva em nós e a morrer para a indiferença que se globalizou e mata tantos seres humanos.

Ajuda-nos a assumir as consequências de sermos discípulos e discípulas deste verdadeiro Homem, e dá-nos a generosa coragem de transformar a Igreja, a sociedade e a história com o fermento da compaixão, única possibilidade de salvação do ser humano e do mundo. Faça que, aos pés da cruz, nossas comunidades e a Igreja como um todo cantem seu hino de humildade, amor e paz. Assim seja! Amem!