Testemunho de Jesus sobre João Batista - Raul de Amorim

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09/12/2016 - 00:15

Mt.11,16-19

Jesus esclarece a identidade de João Batista e seu grande valor, como profeta que com o exemplo e as palavras denuncia o luxo e arrogância dos poderosos. Mas o anúncio que Jesus faz vai mais além ao propor a busca do Reino como algo a ser vivido no dia a dia, sob a inspiração da sabedoria de Deus. Jesus e João têm estilos e projetos muito distintos um do outro, mas ambos atuam em nome de Deus. O assunto de hoje é sobre indiferença.

Mt. 11,16-17: A quem vou comparar esta geração? É como crianças sentadas na praça, gritando às outras: “Tocamos flauta para vocês, e vocês não dançaram. Cantamos lamentações e vocês não choraram”.

Jesus se lamenta e para isso faz uma comparação. As pessoas normalmente não gostam quando alguém as critica ou questione principalmente quando essas pessoas exercem algum tipo de liderança. Isso acontecia no tempo de Jesus e acontece em nossos dias.

“Esta geração” é aquela que quer um deus que dá um banho de bênçãos em cumprimento de todos os seus desejos consumistas. É a geração que interpreta e reinterpreta a Palavra de Deus para satisfazer a si próprios. Não se envolvem com aquilo que acontece ao seu redor, são meros espectadores.

Jesus reage e mostra a indiferença deles. Eles se consideram entendidos, mas não passam de crianças, que querem divertir o povo na praça e que reclama que o povo não brinca conforme a música deles. A queixa não é a de que o povo só quer brincar. O que Jesus lamenta é a indiferença e falta de reação ao convite do Senhor.

Ainda hoje á assim. Mesmo em meio a problemas graves em todos os setores da vida, esta geração é representada por muita gente que vive em shopping centers olhando o que não podem comprar e buscando esquecer os problemas. O tempo do Advento também não é bem compreendido por grande parte do povo. A motivação maior é o consumismo.

Mt. 11,18-19: De fato, veio João, que não come nem bebe e dizem: “Ele tem um demônio”. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: “Eis um comilão e beberrão, amigo dos cobradores de impostos e pecadores”.

João Batista veio, criticou, e não foi aceito. Jesus veio, criticou e também não foi aceito. Diziam: “Ele ficou louco”! ”Ele está possuído por Belzebu”. E ainda “É pelo poder do chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”. (Mc. 3,21-22)

A rejeição de João Batista e Jesus por parte das autoridades mostra o receio geral de acolher os enviados de Deus e se comprometer com as exigências que eles comunicam. De fato, é relativamente fácil encontrar argumentos e pretextos para refutar os que pensam diferente.

Hoje acontece o mesmo. Há pessoas que se agarram ao que sempre foi ensinado e não aceitam outra maneira de explicar e viver a fé. Esse posicionamento lembra o pensamento de um doutor da Igreja: “(...) Há homens que se agarram a sua opinião, não por ser verdadeira, mas simplesmente por ser sua” (Santo Agostinho). Os bispos latino-americanos no Documento de Aparecida nos orientam:

“Para não cair na armadilha de nos fecharmos em nós mesmos, devemos nos formar como discípulos e missionários sem fronteiras, dispostos a ir à outra margem, aquela na qual o Cristo não é ainda reconhecido como Deus e Senhor, e a Igreja não está presente”. (DAp.376)

Ó VEM, SENHOR, NÃO TARDES MAIS! VEM SACIAR NOSSA SEDE DE PAZ!