“Suave e reconfortante alegria de evangelizar” - Pe. Reuberson Ferreira, mSC

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25/05/2017 - 00:15

Leituras: At 18, 1-8 - 28; Sl: 97; Evangelho: Jo 16, 16 -20

O Tempo Pascal que agora vivemos e encaminha-se para o seu final acentua o aspecto pedagógico de fazer-nos conhecer e amar Aquele que “Ressuscitado, não morre mais”. Este tempo litúrgico, portanto, após ensinar que Cristo está vivo e ressuscitado, agindo entre os homens, aponta que Ele retornou para o Pai e enviou-nos um defensor, espírito da verdade; um consolador, o Espírito Santo. Tal espírito nos anima na vivência do Evangelho.

Nesse sentido, a liturgia desta quinta-feira da sexta semana da Páscoa acentua o caráter de despedida do senhor. As leituras, à medida que narram, sob o impulso do Espírito Santo, o progresso missionário de Paulo, acentuam o retorno do Ressuscitado para a casa do Pai. A ausência de Cristo visível, embora possa trazer dor e pesar, é contrabalanceada pelo seu espírito que age e anima os cristãos na missão de anunciar a alegria do Evangelho.

A primeira leitura, extraída do livro dos Atos dos Apóstolos, narra as intempéries e as vicissitudes da caminhada missionária de Paulo, desta vez na cosmopolita cidade de Corinto. Paulo, após a malfadada experiência em Atenas, anuncia o evangelho aos judeus (v.5) e aos pagãos (v.7) de Corinto. Sua pregação, mistura-se a atividades laborais, fabricante de tenda. O conteúdo central de sua mensagem é Jesus, o Messias (v.5). Ante esse anúncio, Paulo é insultado e blasfemado e vê seus esforços entre os judeus, soçobrarem (v.6). Face os pagãos, contudo,  ele encontra acolhida, faz discípulos de Cristo (v.7.8). Percebe-se, nesse pequeno texto, o ímpeto missionário de Paulo. Entende-se que as vicissitudes cotidianas não podem ser meios que imobilizem o anúncio vigoroso e destemido do Evangelho. Recorda-se nessa passagem um outro Paulo que, em pleno século XX, exortava a conservar a suave e reconfortante alegria de evangelizar, mesmo quando fosse preciso semear entre lágrimas (Paulo VI).

O Salmo e o Evangelho acentuam dois aspectos distintos do imperativo de anunciar o Senhor. Por um lado, o salmista apresenta um Deus que se revela às nações, que imprime sua  justiça aos povos e que recorda o amor que tem pelo seu povo. Um Deus assim deve ser adorado, conhecido e anunciado, conclui o salmista. Por outro lado, no Evangelho narrado por João, Jesus, após a ceia (Jo 13, 1ss), a promessa do Espírito Santo (Jo 16, 5ss) e o anúncio de sua partida para o Pai (v.17) antecipa, num longo discurso aos discípulos, os sofrimentos, as dores e as  provações (v.20) que enfrentarão em decorrência do Evangelho, da mensagem revelada em Cristo. Ensina-nos, outrossim, que pela ação do Espírito Santo, os discípulos, fieis ao Senhor, devem em meio penumbra, a escuridão ou a dor que turvam o visão e o anúncio, divisar a luz que emana daquele que ressuscitou e prosseguir sua missão de discípulos de Jesus.

As leituras da liturgia desta quinta-feira, portanto, apresentam-nos o avanço do anúncio do Evangelho, secundado pelas idiossincrasias relativas às fragilidades humanas. Cristo, porém, antecipou aos discípulos que tais dificuldades seriam previsíveis. Desse modo, convém, contemplando o Ressuscitado e animado pelo Espírito Santo, não desvanecer no exercício de anunciar o Evangelho, “ter a coragem de alcançar todas as periferias que precisam da luz do Evangelho” (Evangelii Gaudium).