SANGUE E ÁGUA, AMOR E VIDA> Raul Amorim

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08/06/2018 - 12:30

Jo.19,31-37

“Jesus manso e humilde de coração, fazei o nosso coração semelhante ao vosso”. Na Solenidade do Sagrado Coração de Jesus o evangelista João nos orienta.

Jo.19,31: Como era tempo de preparação para a Páscoa, os judeus não queriam que os corpos ficassem na cruz durante o sábado. E esse sábado era muito importante para eles. Então pediram que Pilatos mandasse quebrar as pernas dos crucificados e que fossem retirados da cruz.

A morte de cruz foi, na vida de Jesus, a expressão consumada de seu amor pela humanidade e de sua fidelidade ao Pai.  Os condenados morriam asfixiados por não terem forças para inalarem o ar para os pulmões, eles se apoiavam nos pés para conseguir respirar um pouco. Quebrar as pernas tinha por finalidade acelerar a morte.

Jo.19, 32-34: Os soldados foram e quebraram as pernas de um e também do outro que tinham sido crucificados com Jesus. Quando se aproximaram de Jesus, viram que já estava morto; por isso não lhe quebraram as pernas. Mas um dos soldados lhe perfurou o lado com uma lança, e imediatamente saiu sangue e água.

Jesus estava morto, por isso não houve necessidade, mas um dos soldados, abriu-lhe o lado com uma lança. Para o evangelista esse gesto violento e cruel torna-se uma das mais belas expressões de amor do Sagrado Coração de Jesus: saiu sangue e água, sinais sacramentais do Batismo e Eucaristia.

A tradição da Igreja descobriu um simbolismo muito bonito para essa cena: “o peito aberto como novo tabernáculo da presença de Deus e do acesso do ser humano”.

Jo.19,35-37: E aquele que viu tem dado testemunho, e o testemunho dele é verdadeiro. Pois ele sabe que diz a verdade para que também vocês acreditem. Essas coisas aconteceram para se cumprir a Escritura: “Nenhum osso dele será quebrado”. E ainda outra passagem diz: “Olharão para aquele a quem transpassaram”.

Do lado de Jesus saem sangue e água, para a vida de seus seguidores. Essa realidade, por mais estranha que pareça, é digna de crédito, e será testemunhada pelas diversas gerações da comunidade cristã. A morte de Jesus não é o fim. Mesmo depois de ocorrida, nela as palavras da Escritura se veem confirmadas.

O evangelista faz memória do salmo: “E lhe guarda todos os ossos e nenhum será quebrado” (Sl 34,21) E lembra também o profeta Zacarias: “... Quanto aquele que transpassaram, chorarão por ele como se chora pelo filho único. Vão chorar amargamente, como se chora por um primogênito. ” (Zc.12,10)

O coração transpassado não correspondeu à constatação de que Jesus, realmente, tinha chegado ao fim. Pelo contrário, o sangue e água que jorraram apontavam para a inauguração de tempos novos. Do coração aberto nasceria a Igreja, cuja missão seria levar adiante a obra redentora de Jesus e manter viva sua memória na consciência da humanidade. Seu coração seria um apelo aos cristãos para viverem o amor e manifestarem sua fidelidade ao Pai.

“ JESUS MANSO E HUMILDE DE CORAÇÃO, FAZEI NOSSO CORAÇÃO SEMELHANTEAO VOSSO”

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos) Raul de Amorim Pires> raul4ap@gmail.com