Reflexão do Diácono Mario Braggio

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26/05/2015 - 00:15

O trabalhador deseja e conta com a remuneração que receberá pelos serviços executados, pois tem necessidades a garantir e projetos a concretizar. Para ele, o trabalho pode ser um meio de dedicar-se a causas nobres e realizar-se pessoal e profissionalmente, contudo, em paralelo, há os objetivos pessoais que pretende atingir, os quais, não raro, são exatamente aquilo que o motivam a esforçar-se e a dar o seu melhor naquilo que faz.

Responder ao chamado de Jesus e segui-lo de fato supõe disponibilidade, entrega, doação. Pedro e seus companheiros deixaram tudo – família, profissão, bens, etc. – para acompanhar o Mestre.

Para o trabalhador do Reino não há contrato a ser cumprido, direito adquirido ou pagamento a ser honrado. “Vem e segue-me”, diz o Senhor. Este seguimento extrapola medidas e controles; acontece ou não.  Todavia, Jesus afirma que o discípulo, como consequência da sua gratuidade, será (fartamente) recompensado ainda nesta vida. Tal recompensa, porém, nada tem de material; trata-se, na realidade, dos frutos da nova mentalidade, do novo agir. Trata-se de fazer parte da grande família, na qual todos se sentem em casa, acolhidos, amados e fortalecidos, mesmo diante das dificuldades, dos desafios e das perseguições sofridas por causa de Cristo e do Evangelho. A família onde não há inveja, ciúme, discórdia, competição de afetos ou brigas por herança.

É isso aí: a lógica do Reino nada tem a ver com acúmulo e estratificação, mas com a partilha, a cooperação e a solidariedade. Tais atitudes possibilitam não só receber o cêntuplo aqui nesta vida como o bem definitivo na vida eterna.

Maravilha! Entretanto, nem por isso busquemos antes de tudo tais benefícios ou quaisquer privilégios, pois, no Reino de Deus os primeiros são exatamente aqueles que se oferecem e se dispõem a servir. Neste mundo que supervaloriza o ter e o aparecer, aqueles que servem são menosprezados, desqualificados e excluídos, mas, graças ao julgamento – que reestabelecerá a ordem dos valores – eles serão os primeiros na vida eterna