Reflexão de Raul de Amorim

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26/06/2015 - 00:15

Mt.8,1-4

Fique purificado

Nos capítulos 5 a 7 de Mateus ouvimos as palavras do chamado “Sermão da Montanha” a nova Lei proclamada por Jesus. No capítulo 8 vamos ver como Jesus praticava essa nova Lei. O trecho de hoje nos traz a cura de um leproso.

A leitura começa dizendo que Jesus desceu a montanha e muita gente o acompanhava. Eis que surge um leproso perto dele. Era um excluído, um impuro. Quem o tocasse ficaria também impuro! Por isso a lei dizia, que os leprosos deviam viver afastados (ver Lv. 13,45-46)

O leproso teve muita coragem, se arriscou, foi ousado e tomou a iniciativa. Transgredindo as normas vigentes diz a Jesus: “Senhor, se queres, tens o poder de me purificar” (Mt.8,2). Em outras palavras: “Não precisa tocar-me! Basta o Senhor querer para eu ficar curado”! Esta frase revela duas doenças: a doença da lepra que o condenava como impuro e a doença da solidão a que era condenado pela sociedade e pela religião. Revela também a grande fé dessa pessoa no poder de Jesus.

Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero. Fique purificado. (Jo.8,41) O leproso ficou curado das duas doenças. 1- Para curar da solidão, antes de dizer qualquer palavra, Ele o toca. É como se dissesse: ”Para mim você não é excluído!Não tenho medo de tocá-lo. Eu te acolho como irmão!  2-Em seguida cura a lepra dizendo; “Eu quero. Fique purificado”! O leproso, para poder entrar em contado com Jesus, tinha desobedecido à lei. Agora Jesus, para poder ajudar aquele doente também desobedece às normas e toca o leproso.

O evangelho diz que Jesus mandou o ex doente buscar um documento, para que ele pudesse conviver normalmente. Com isso ele obrigou as autoridades a reconhecer que a pessoa tinha sido curada. Jesus não só cura, mas quer que a pessoa seja reintegrada na convivência fraterna.

A ação de Jesus é ao mesmo tempo expressão de sua misericórdia para com quem sofre, e de oposição às pessoas e estrutura que produzem a marginalização e exclusão.

Ligando a Bíblia e a Vida: Na nossa comunidade existem costumes e normas não escritas que, até hoje, excluem pessoas da convivência e comunhão?