QUE A RIQUEZA NÃO NOS TURVE A FÉ - Pe. Reuberson

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01/03/2018 - 07:45

QUINTA-FEIRA DA 2ª SEMANA DA QUARESMA

Leituras: Jr 17, 5-10 / Sl: 1 / Evangelho: Lc 16, 19-31

 

Com passos decididos avançamos rumo a páscoa de Jesus. Essa caminhada que nomeamos de quaresma, inspira-se no povo de Deus que vagava pelo deserto em busca da pátria definitiva, a Terra prometida. Tal como o povo eleito, homens e mulheres do nosso tempo, caminham para celebrar o mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Esse tempo litúrgico que nos conduz à essa grande celebração, desafia a humanidade a buscar vencer o mal que insiste em habitar em nós.

 Nesse espírito a liturgia desta quinta-feira da segunda Semana do tempo quaresma exorta-nos a depositar nossas forças no Senhor. Tal confiança reveste-se da sincera capacidade de reconhecer a presença de Deus nos pobre e desvalidos não permitindo que a riqueza ou qualquer outro sentimento nos faça indiferentes à dor do outro.

Na primeira leitura, extraída do Livro de Jeremias, o profeta exorta seus ouvintes a confiarem no Senhor. Ele adjetiva como bendito o homem que confia em Deus(v.7). Tal pessoa, encontra no senhor esperança, auri forças para superar as intempéries, dores e adversidades cotidianas(cf.v.8). Assim, o homem que confia em Deus, enfrenta as dificuldades na certeza que não perecerá, pois o Senhor, que conhece o seu coração, lhe julgará, segundo suas obras(v.10) pelo critério da misericórdia.

O Evangelho e o Salmo acentuam essa mensagem e revelam o que implica confiar no Senhor. O salmo diz que é feliz quem confia no Senhor e por isso segue seus mandamentos. No Evangelho, servindo-se da parábola do rico opulão e do pobre Lázaro, Lucas apresenta uma catequese de Jesus. Ambos, o opulão e o mendigo, vivem realidades opostas. Um de abundância(v.19) , outro de misérias(v.20). Após a morte a situação inverte-se, o pobre passa a gozar de benesses celestiais(v.23) e o rico de sofrimentos(v.23). Um confiava na riqueza, no poder e na glória pessoal. Outro, embora o texto não diga, esperava em Deus. Somente nessa inversão de lugares o rico enxerga o pobre.

A parábola, dentre tantos ensinamentos, não se propõe a mostrar a riqueza como um caminho mais curto para o sofrimento eterno. Bem ao contrário, quer alerta que as poucas riquezas que alguém tenha adquirido ao longo da vida não podem impedir-nos de escutar o clamor de Deus que parte da boca dos mais pequeninos tampouco deve tornar-nos indiferentes a dor dos irmãos. Nenhuma propriedade, nenhum bem ou nenhum sentimento podem nos deixar cegos para os irmãos, turvar nossa fé.

As leituras da liturgia desta quinta feira da quaresma, portanto, exigem de nós uma concreta conversão. Propõe-nos a confiar em Deus e, pela fé nele depositada, abrir o coração para sentir e perceber as necessidades dos irmãos. Deus ajude-nos a confiar e partilhar!

 

*Pe. Reuberson Ferreira, M.S.C é mestre em teologia - PUC/SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.