PROFANAÇÃO - Raul Amorim

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24/11/2017 - 08:30

Lc. 19,45-48

Profanar é um verbo que está relacionado à falta de respeito a algo religioso ou sagrado. Jesus expulsou os vendedores do Templo porque estavam usando a “Casa do Pai” para fazer negócios e enganar o povo... Vamos meditar o texto de Lucas.

Lc.19, 45: Jesus entrou no Templo e começou a expulsar os vendedores...

Jesus sendo judeu seguia a prática religiosa de sua gente. Vamos fazer memória: Por ser primogênito de José e de Maria, ele foi apresentado a Deus no templo quando completou oito dias do seu nascimento. (Lc. 2,22-28) Com seus familiares participava das romarias anuais por ocasião das festas (Lc. 2,41)

O texto Lucas diz que Jesus entrou no Templo e não gostou daquilo que viu. No evangelho de Marcos se diz: “Derrubou as mesas dos que trocavam moedas e as cadeiras dos que vendiam pombas. E não deixava ninguém transportar nada pelo Templo”. (Mc. 11,15-16) E no evangelho de João: “Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo” (Jo. 2,15)

Num gesto de autoridade, Jesus declara encerrado o expediente do Templo e põe fim ao culto da forma como estava sendo realizado. Já não tinha mais sentido. E se Jesus entrasse hoje em nossas Igrejas o que Ele encontraria?

Lc. 19,46: “Está escrito: Minha casa será casa de oração. Mas vocês a transformaram em abrigo de ladrões”.

A visão que o povo tinha naquela época era que o Templo era o lugar escolhido por Deus para habitar no meio do seu povo. Tinha um lugar chamado: Santo dos Santos onde ficava a arca da aliança que simbolizava a presença do Deus vivo no meio do povo. (Ex.26,33ss)

Era espaço do encontro do Pai com seus filhos. Deveria assim, ser um lugar de comunhão fraterna, da justiça. Jesus não se conteve, quando se deparou com a realidade em que se tinha transformado o templo de Jerusalém.

Jesus cita dois profetas para justificar sua ação: Isaias: eu os levarei para minha montanha santa. Vou fazê-los felizes na minha casa de oração. Seus holocaustos e sacrifícios serão aceiros com agrado no meu altar, pois a minha Casa será chamada Casa de Oração para tosos os povos. (Is.56,7)

O outro profeta citado por Jesus, Jeremias: Este Templo, onde meu nome é invocado, será por acaso abrigo de ladrões? Estejam atentos, porque eu estou vendo tudo isso. Oráculo de Javé (Jr.7,11) O mesmo estava acontecendo no tempo de Jesus. Ele denuncia o mau uso do Templo. A religião não pode ser usada para explorar o povo nem para sustentar e legitimar privilégios.

Lc. 19,47-48: E Jesus ensinava todos os dias no Templo. Os chefes dos sacerdotes, os doutores da Lei e os chefes do povo procuravam matá-lo. Mas não sabiam o que fazer, pois o povo todo ficava atraído por ele, ao ouvi-lo falar.

É preciso dar ao Templo nova direção, para merecer efetivamente a condição de Casa do Pai. É o que Jesus faz por meio do seu ensino, que causa a raiva das autoridades religiosas e políticas que controlavam aquele espaço.

A expulsão dos vendedores ajuda a compreender o motivo pelo qual as autoridades decidiram matar Jesus. O Templo “aquela figueira bonita e frondosa” deveria dar fruto, mas não estava dando, pois uma elite tinha-se apoderado dele e o tinham transformado numa fonte de lucro e num instrumento de dominação das consciências. Jesus traz um novo tipo de relacionamento com Deus que se faz através da fé, da oração e da reconciliação.

P/ CEBI (Centro Estudos Bíblicos) Raul de Amorim Pires> raul4ap@gmail.com