“Oração que constrói o Reino”

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22/06/2017 - 08:30

QUINTA FEIRA DA 11ª SEMANA DO TEMPO COMUM

Leituras: 2Cor 11, 1-11; Sl:110; Evangelho: Mc 6, 7-15

O Tempo comum, que ora se celebra, introduz-nos numa profunda e acurada reflexão sobre os mistérios do Reino de Deus. Não mistério entendido como algo indecifrável, mas sim como beleza contemplada, celebrada e comprometida. De fato, a grandeza do Reino de Deus dá-se nos gestos concretos realizados por cada homem e mulher que se compromete em, de algum modo, transformar o mundo, consolidando o Reino do Senhor. Desafia-nos o tempo comum, em sua dinâmica própria, a viver os princípios do Reino.

No espírito próprio deste tempo litúrgico, as leituras desta quinta feira da décima primeira semana do tempo comum, apontam-nos o lugar privilegiado que oração ocupa no processo de construção do Reino de Deus. A oração dever moldar o apostolado e a vida das comunidades por um caminho de perseverança. Ela deve conduzir a comunhão com Deus, a partilha do pão e luta contra toda maldade.

A primeira leitura, escrita com a tinta forte da pena de Paulo aos Coríntios, revela traços do ministério desse apostolo em favor da construção do Reino. Paulo escreve aos fiéis, para dirimir dúvidas sobre seu apostolado. Entre os membros da Igreja de Coríntios, há alguns que creem que Paulo é um evangelizador de segunda magnitude. A seu favor o apóstolo argumenta que ama com um amor ciumento a comunidade (v.2), similar ao amor que Deus tem pelo seu povo. Que ele, gratuitamente, anunciou-lhes o evangelho (v.7) e que em nada, seu conhecimento, sobre Cristo e o evangelho é inferior ao de outros evangelizadores. Depreende-se desse pequeno fragmento, que para Paulo, não obstante as críticas e as comparações como os “superapostolos”, o importante é anunciar o Cristo, ser zeloso pelas comunidades e não deixar que questões econômicas tampouco a ingratidão de alguns o impeçam de anunciar o Reino. Assim, portanto, entende-se que  o amor e a gratuidade são caminhos que  constroem o Reino.

Na sequência da liturgia, o salmo exalta as grandes obras do Senhor, particularmente sua justiça que é permanente. O Evangelho, por seu turno, apresenta  a oração como viés de construção do Reino de Deus. O texto de hoje, faz parte do grande sermão do Senhor. Especificamente a parte lida nesta liturgia fala das condutas religiosas, mormente a oração. Jesus, avisa seus interlocutores que ela não dever ser vista como um meio de engrandecimento pessoal (v.7), pois Deus sabe das necessidades de cada um. Antes ela dever ser executada com sinceridade para unir-se ao Senhor e participar do seu projeto. Desse ponto, Jesus  apresenta um modelo eficaz de oração. Uma súplica que se dirige ao Pai( nosso), que sonha com uma fraternidade universal, que busca o Reino e que  cumpri a vontade do Senhor. Reino expresso em termos de pão para todos( partilha), perdão dos erros e libertação de todo mal( injustiça, desonestidade, corrupção). Uma oração nesses termos é fonte de construção do Reino do Senhor.

Largos traços, a liturgia de hoje, insiste numa oração que constrói o Reino. Ela se expressa pelo compromisso concreto com o anúncio da vontade do Senhor. De igual modo, ela  não é vaidosa, não ostenta aquele que reza, mas sim o Senhor a quem ele serve. Por fim, é uma oração que transborda a si mesmo e compromete-se com os “pobres e sofredores a quem Deus tanto ama”.

Pe. Reuberson Ferreira, mSC - Mestrando em Teologia na PUC-SP. Trabalha na Paróquia S. Miguel Arcanjo, Arquidiocese de São Paulo.