Leituras: At 8, 26 - 28; Sl: 65; Evangelho: Jo 6, 44-51

O tempo litúrgico que agora vivemos enche-nos de alegria, preenche-nos de vigor, nutre-nos de esperança, pois reforça, nos corações humanos, a certeza de que Cristo, Nosso Senhor, venceu o mal, venceu a morte. Ele, por seu sacrifício, garantiu-nos uma vida nova, uma vida eterna (Jo 6,51b). A alegria da Páscoa, desse modo, que não se extingue em uma única celebração, mas dilata-se por toda nossa vida, deve ser a flâmula que ostentamos e a marca de nosso compromisso cristão com a vida.

A alegre liturgia desta quinta-feira da terceira semana da Páscoa exorta-nos a perceber a atuação de Deus na condução do seu povo, agregando a ele sempre mais pessoas, atraindo-as para si. Ele, que atrai, garante a vida eterna e se faz verdadeira comida aos frágeis a quem tanto ama.

A primeira leitura, extraída do livro dos Atos dos Apóstolos, apresenta Deus que conduz a comunidade cristã e lhe agrega mais membros. Relata o texto que, instado por um anjo, o apóstolo Felipe foi para o sul (v.26). Nesse lugar, encontrou um homem rico. Pagão, por nascimento; Temente a Deus, por opção. Obstinado em conhecer o Senhor, meditava o texto de Isaias (Is. 53,7-8). O Espírito Santo inflamou Felipe a aproximar-se do Eunuco e a explicar-lhe as escrituras. Explicando-as, disse o apóstolo, tratam de Jesus, a ovelha levada ao matadouro que, ressuscitado, não morre mais. O Eunuco acreditou. Pediu o batismo. Felipe o batizou e o espírito arrebatou o discípulo para Azoto onde seguia a evangelização. Desse texto, depreende-se que Deus é quem conduz a comunidade cristã e lhe acrescenta membros. O anjo enviou Felipe à Cesareia, o Espírito Santo o fez aproximar-se do Eunuco e ele mesmo ajudou a compreender a escritura. O batismo, dom e graça de Deus. Portanto, é Senhor quem conduz a evangelização. Mais ainda, ela destina-se a todos, sobretudo àqueles que buscam a Deus, mas que por alguma regra, norma ou preceito são tolhidos da presença do Senhor.

O Salmo e o Evangelho continuam e dilatam a certeza de que Deus é quem tudo conduz. O Salmista declama em versos que o Senhor é quem dá a vida e mantém sempre perto do homem seu divino  amor. O Evangelho de João, por sua vez, servindo-se de uma parte do discurso sobre o pão da vida, assegura que é Deus quem atrai a ele todos os que ele deseja (v.41). Deus atrai a humanidade pela palavra e pela verdadeira comida (Eucaristia). Aqueles que o escutam e por ele são instruídos vão em busca do Senhor (v.45). Aqueles que tem desejo de saciedade eterna buscam Aquele que se faz verdadeira comida (v.50), o pão descido do céu (v.51) que sacia a fome da humanidade e lhe garante a vida eterna (v.51). Portanto, Cristo ressuscitado, que veio do Pai, atrai a si toda a humanidade e se faz para eles instrutor, guia e alimento.

As leituras da liturgia desta quinta-feira, portanto, apontam-nos que o Ressuscitado é quem, misteriosamente, conduz a humanidade nas sendas da evangelização. Ele, não obstante as ingerências humanas, é quem tem a última palavra sobre nossa e os destinos da comunidade cristã. De igual modo, Ele, ainda hoje, pela palavra e pela Eucaristia, mas também pelo testemunho e a caridade, atrai homens e mulheres ao seu Reino.