O que torna alguém impuro? - Cônego Celso Pedro

A A
28/08/2015 - 20:30

Dt 4,1-2.6-9; Sl 15; Tg 1,17-27; Mc 7,1-8.14-15,21-23

Lavam-se as mãos por higiene, mas o lavar as mãos, que em Israel inicialmente era só higiene, tornou-se pouco a pouco rito religioso. Os discípulos que comiam pão “com mãos impuras” tornaram-se alvo da crítica dos observantes. Por que não observam a tradição como todo mundo faz? Jesus responde com uma citação do profeta Isaias: ‘Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. É vão o culto que me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos”. O que mancha uma pessoa e a torna impura? O que é mandamento de Deus e o que é preceito humano? Nem sempre o mandamento de Deus se identifica com o preceito humano ou com a tradição dos antigos. Pode-se honrar a Deus com os lábios e ter o coração longe do que Deus quer. Pode-se falar de paz e vender armas, dizia o Papa Francisco. O coração, sede da vontade e dos projetos de vida, está longe e o que se ensina tem pouco ou nada a ver com o que Deus quer. Para saber se estamos no caminho certo da vontade de Deus, temos que olhar para dentro de nós mesmos, olhar para o nosso coração como lugar das nossas escolhas e decisões. O que torna alguém impuro são as más intenções ou os projetos arquitetados na mente e no coração. Lavar ou não as mãos antes da refeição pode tornar o ser humano impuro, não pela observância ou rejeição de uma lei, mas pela fonte de onde brota. É uma atitude prática, ligada a um projeto de vida, que sai diretamente do coração. Não seria melhor fazer as duas coisas, ter bons projetos no coração e observar o rito de lavar as mãos antes das refeições? Sim, desde que cada coisa esteja em seu devido lugar. Não colocar a tradição humana acima da vontade de Deus.