Nada mais que a obrigação... - Diácono Mario Braggio

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10/11/2015 - 15:45

“Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer” (Lc 17,10). Aos nossos ouvidos, sobretudo nos dias atuais, a frase causa estranheza. Antes de mais nada, as pessoas querem ser servidas, bem tratadas e lisonjeadas, ainda que tenham de pagar por isso. Quanto a servir, “tô fora”! Isso é coisa de empregado, de peão, de subalterno; é sinal de fraqueza, de incapacidade, de fracasso. Esta parece ser a lógica da grande maioria...

A lógica do Reino, porém, é outra. Com esta afirmação – dura, contudo, explícita e verdadeira – Jesus recorre a um exemplo comum daquele tempo para deixar claro que o seu discípulo é literalmente um servidor. Alguém que livremente se dispõe a servir, sem limites e sem interesses. E, nessa condição, não adquire direitos e tampouco espera qualquer tipo de remuneração. Em outras palavras: servir sempre a Jesus, incondicionalmente, reconhecendo-se incapaz de dar conta de toda a missão que lhe foi confiada.

Não é nem um pouco fácil, não é verdade? Para onde vai o nosso orgulho, a nossa soberba, as nossas pretenções? Mas é isso aí! Jesus não deixa por menos...

Servir não é tendência, estilo ou moda passageira. Servir não é fazer meia dúzia de coisas para aparecer, para se destacar no grupo, para exercer o poder, para ser elogiado. Serviço não é “moeda de troca” para receber de Deus o perdão e a salvação. Serve-se por vocação, isto sim, e sem segundas intenções!

O serviço a Deus concretiza-se no serviço à comunidade, aos irmãos. Acolher, conviver, abraçar, ouvir, compreender, aconselhar, sorrir, elogiar, ensinar, partilhar, conduzir, liderar, incentivar, prover, apoiar, confraternizar...

Servir não implica em autossofrimento. O serviço cristão faz bem também para aquele que serve, pois, ao fazê-lo, experimenta-o, ele próprio, e atualiza no tempo a caridade do Redentor. Faz o bem e desfruta dele. Encontra a liberdade e a vida tão sonhada e tão desejada.