Fazei discípulos meus todos os povos - Cônego Celso Pedro da Silva

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28/05/2017 - 00:15

Mt 28,16-20

A sétima e última semana da Páscoa começa com a ascensão do Senhor e termina com a solenidade de Pentecostes. O Senhor sobe ao céu e envia o Espírito Santo. O Senhor vai ao Pai e volta no Espírito. O Cristo histórico se torna o Cristo da fé. Aquele que era visível aos olhos da carne agora é visto com os olhos da fé. Ele sobe ao céu com o que é próprio nosso, a nossa humanidade. O corpo humano, meio imperfeito de comunicação, mergulha no mistério da Trindade e começa a fazer parte da perfeita comunicação das relações do Pai, do Filho e do Espírito Santo. No seio da Santíssima Trindade está agora a humanidade, na pessoa de Cristo. O que é próprio do ser humano, sempre limitado e imperfeito, se realiza plenamente na ascensão do Senhor. Por isso rezamos na Oração do Dia dizendo que a ascensão de Jesus já é nossa vitória, e depois da Comunhão pedimos que os nossos corações se voltem para o alto, onde está junto de Deus a nossa humanidade.

Hoje lemos o texto final do evangelho de Mateus, que relata a despedida de Jesus na Galiléia sem falar da subida ao céu. Ele está com os Onze apóstolos e os envia a todas as nações garantindo-lhes que estará com eles todos os dias até a consumação dos séculos. São Marcos, também no fim do seu Evangelho, num texto que, dizem os estudiosos, foi acrescentando ao Evangelho (Mc 16, 9-20), diz apenas que Jesus “foi arrebatado ao céu e sentou-se à direita de Deus”. No evangelho de São João, Jesus ressuscitado diz à Maria Madalena: “Não me retenhas, pois ainda não subi ao Pai. Vai, porém, a meus irmãos e dize-lhes: Subo ao Pai e vosso Pai, ao meu Deus e vosso Deus”. Lucas é também sucinto ao relatar a ascensão nos últimos versículos de seu Evangelho, quando escreve que “enquanto os abençoava, distanciou-se deles e era elevado ao céu”. No entanto, Lucas amplia o seu relato no início dos Atos dos Apóstolos, que lemos hoje como primeira leitura. Aí diz ele que Jesus, depois de ter permanecido quarenta dias com os seus discípulos, deu-lhes as últimas recomendações e “foi levado ao céu, à vista deles. Uma nuvem o encobriu”. Os apóstolos estavam ainda olhando para o céu quando apareceram dois anjos que perguntaram se iam ficar ali, parados, olhando para o céu. E afirmaram: “Jesus virá do mesmo modo como o vistes partir para o céu”.

Começamos assim o tempo que vai entre a ascensão do Senhor e sua vinda no último dia para o juízo final. O que fazemos nesse tempo? Não ficamos olhando para o céu. Trabalhamos, fazendo discípulos seus todos os povos.